As gotas desta chuva
miudinha que cai
E teimosa molha o meu rosto,
É incapaz de lavar a saudade
que me toma,
Nem mitigar esta inquietude
insolente,
Que estrangula a minha alma,
Em angústia insistente!
E eu mantenho-me sob aquela chuvinha,
Que teimosa, enregela os
meus sentidos,
Toldando os meus pensamentos
Que se perdem no silêncio do
nada!
Estremeço a cada gota fria,
Que desliza pelo meu corpo,
Como flagelo da minha
vontade!
Sem forças, levo-me pelo
desalento,
Perco-me na solidão da minha
melancolia!
E a chuva miudinha,
insistente e fria,
Teima em acariciar-me
maldosamente,
Numa contínua, porém, suave
torrente
De gotas, como lágrimas,
Pela amada que se faz
ausente,
Nos sorrisos que fascinavam
E nos olhares que se
perderam,
Na carência das noites de
luar,
Onde se inventavam paixões escaldantes
E se descobria o amor,
Em cada delirante alvorada.
José Carlos Moutinho
Sem comentários:
Enviar um comentário