Sinto no murmurar das águas
deste rio da minha vida,
onde navegávamos na mansidão
do luar
e rejubilávamos na alegria
da juventude,
as melodias da felicidade,
acariciadas pela brisa
daquele tempo,
de palmeiras verdes de
esperança,
onde as brumas da incerteza
não existiam!
E agora, contemplando o
caudal deste rio
ressequido por este tempo
que se faz presente
sufoco o choro de lágrimas
da nostalgia,
que me aperta o peito, na
dor feita saudade!
E aqui estou, sentado, nas
areias que margeiam
este rio cansado, pelas
mágoas do seu percurso,
esperando nova brisa que me
sopre forças,
para continuar a navegar neste
leito seco
e chegar ao remanso da minha
tranquilidade!
Anseio por novos rios, num
tempo
que se faça fértil e de
águas calmas,
navegue por entre campos
floridos,
ao som melodioso dos
chilreios
de aves encantadas,
de cores garridas da paixão,
ao encontro de um novo
viver.
José Carlos Moutinho
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