Era mais um dia azul, de sol escaldante,
nada que fizesse imaginar
mudança naquela beleza celestial;
Ar quente abafado de verão,
numa tarde de novembro,
num lugar qualquer,
junto ao mar, ou no meio do mato,
de uma selva virgem, densa quase impenetrável!
Eis que de repente,
vertiginosamente...De repente,
fecha-se o céu,
o cinzento substitui o azul
apaga-se o sol,
nuvens antes alvas, tornam-se negras como a noite,
ribombam trovões,
do céu, cai água,
cascatas de abençoado liquido,
com uma impetuosidade assustadora,
irrigam campos e fazem proliferar riqueza!
...E chove fortemente,
sobem os caudais dos rios,
alagam-se as ruas,
encharcam-se os campos!
A única luz que agora se oferece,
é a dos repetidos e prolongados relâmpagos,
tornados raios que se afundam no chão vermelho
escurecido
pelo dilúvio...
Tão de repente como começara,
vem a calmaria...O silêncio!
O sol vai despertando daquele sono breve,
as cores do arco-íris impõem-se belas,
azula-se o firmamento,
todo o encanto africano surge-se no seu esplendor!
É o deslumbramento do verão,
na bela e saudosa Angola.
José Carlos Moutinho
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