Em jeito de
parábola
Quisera eu que o tempo parasse, para comigo conversar
um pouquinho, pois pedir-lhe-ia eu com todo o respeito e consideração que não
corresse tão rapidamente, porque, --continuaria eu a dizer-lhe--, que poderia
cansar-se e, qualquer pessoa ou até mesmo o tempo tão poderoso, ficaria
extenuado, sem necessidade, porque afinal, viver mais serenamente sem tanta
correria faria bem à saúde dos humanos e, quiçá, à do próprio tempo.
O tempo realmente parou por segundos, olhou-me
fixamente, e disse-me com toda a sua altivez que eu, para ele, não tinha a
importância que eu pensava dar-me, porque, --continuou o tempo--, como eu,
havia muito mais gente a pedir o mesmo e ele, tempo, não tinha a força
suficiente para, por ele só, conseguir andar mais devagar, porque não dependia
dele, mas sim de todos nós.
Fiquei admirado a olhar para o tempo e ele voltou,
desta vez, sorrindo a dizer-me que se nos preocupássemos com coisas mais
importantes e ignorássemos as fúteis, o nosso tempo seria mais feliz e
duradouro.
O tempo continuou o seu caminho. Restou-me ficar a
olhar o tempo que partia e a pensar que eu já perdia, inutilmente, o meu tempo,
parado, sem nada fazer.
José Carlos
Moutinho
27/7/19
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