sábado, 27 de julho de 2019

Em jeito de parábola


Em jeito de parábola

Quisera eu que o tempo parasse, para comigo conversar um pouquinho, pois pedir-lhe-ia eu com todo o respeito e consideração que não corresse tão rapidamente, porque, --continuaria eu a dizer-lhe--, que poderia cansar-se e, qualquer pessoa ou até mesmo o tempo tão poderoso, ficaria extenuado, sem necessidade, porque afinal, viver mais serenamente sem tanta correria faria bem à saúde dos humanos e, quiçá, à do próprio tempo.
O tempo realmente parou por segundos, olhou-me fixamente, e disse-me com toda a sua altivez que eu, para ele, não tinha a importância que eu pensava dar-me, porque, --continuou o tempo--, como eu, havia muito mais gente a pedir o mesmo e ele, tempo, não tinha a força suficiente para, por ele só, conseguir andar mais devagar, porque não dependia dele, mas sim de todos nós.
Fiquei admirado a olhar para o tempo e ele voltou, desta vez, sorrindo a dizer-me que se nos preocupássemos com coisas mais importantes e ignorássemos as fúteis, o nosso tempo seria mais feliz e duradouro.
O tempo continuou o seu caminho. Restou-me ficar a olhar o tempo que partia e a pensar que eu já perdia, inutilmente, o meu tempo, parado, sem nada fazer.

José Carlos Moutinho
27/7/19

Sem comentários:

Enviar um comentário

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

Ver esta publicação no Instagram

Live Planeta Azul Editora

Uma publicação partilhada por Planeta Azul Editora (@planetazuleditora) a