terça-feira, 26 de novembro de 2019

Desabafo (o meu tempo)

O meu presente já não dá esperança aos meus sonhos; talvez por eu não ter tempo para os ver realizados ou porque acha que não devo mais sonhar. Este é um pensamento que, frequentemente, me esmaga os anseios, mas que, todavia, tenho de o entender como imposição temporal à qual, inexoravelmente não me posso escusar.
Confesso que, por vezes, me irrita esta situação de me sentir limitado pelo tempo que cerceia os meus impulsos; tento repudiá-lo, mas ele, tempo, cola-se aos meus movimentos e até bloqueia, de algum modo, o meu modo de pensar.
Admito que, tento repelir, resiliente e obstinado, essa limitação. Então, para contrariar a implacabilidade do tempo, escrevo, escrevo...e, faço-o até, de maneira compulsiva, como se receasse que o meu tempo de repente se lembrasse de me cortar essa febril vontade de escrever.
Sonhador ainda, sentimento que me vem da juventude, faço com as minhas palavras escritas, livros; edito-os, talvez, a um ritmo que confunde os meus pares, pois escuto as críticas e suas ausências aquando dos lançamentos ou apresentações. Ausências que, a cada ano, se vão tornando mais prementes, por razões, algumas, que penso conhecer. 


(Criticar é fácil se, eventualmente, não se consegue o mesmo ritmo de edição literária ou o modo de actuar em relação à divulgação dos livros)

O sonho que há em mim é o meu presente, que tem de ser realizado hoje; é, precisamente, esse sentimento que passa despercebido ou é desconsiderado pelos meus companheiros das palavras escritas, que também, como eu, sonham, só que, têm, pela lógica da idade, mais tempo para as suas realizações.
Eu, simplesmente tenho pressa, porque o meu tempo é urgente!

José Carlos Moutinho
26/11/19

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Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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