terça-feira, 13 de abril de 2021

#Tempo de corrupção

 

Houve um tempo, distante…
não se falava de corrupção
talvez porque o país era de poucos,
comandados por um só mandão,
havia menos alimento,
menos escola, dita superior
e esta era facilitada a alguns,
havia mais arrogância
maiores diferenças, económica e social,
era um tempo de escuridão
de medo e...respeito,
dizia-se que o respeito
era filho do medo!

Era realmente um tempo diferente
pobrezinho, graças a Deus,
que se vestia de preto,
como se houvesse noite em cada coração
e o futuro…
que futuro(!?)…. Fosse simples ilusão

Depois...
depois houve uma mudança
tão radical como a transformação
do antes para o depois,
que de uma noite para a madrugada
trouxe outros valores
outras intenções,
tantas promessas, tantas desilusões,
e…nasceu uma nova espécie na sociedade:
os corruptos!
 
Agora, é um tempo bem diferente, livre,
todos (?) têm alimento e escolas
as tais, superiores,
são tantas que confundem
e outorgam diplomas a quem nem estuda…
mas há muitos doutores e engenheiros,
há mais ricos....
mas, ó terrível paradoxo
há cada vez mais pobres,
a corrupção tornou-se institucional
quem for honesto está fora de moda!
 
Francamente…
eu que venho do outro tempo,
passei por caminhos feitos de carências,
cruzei estradas de sucesso,
percorridas com esforço feito de suor,
cheguei a este novo tempo
pintado de democracia
e cores imaginadas de esperança,
e que vejo eu?
Miséria, gente a viver na rua,
muitos que faziam parte da classe média
pedem, envergonhados, comida
nas instituições de caridade,
e ó, Deus, voltou a circular
a soberba e a arrogância
os pseudo-intelectuais descriminam
os seus iguais, como se fossem seres excepcionais,
a vigarice é presença habitual,
feitas de habilidades dos espertos,
a honra vai-se perdendo na memória,
hipocrisia é coisa normal
a corrupção, agora é de outro nível,
de excelência tal
que nem a justiça faz justiça
porque há a possibilidade de protelar os processos
permitindo a prescrição,
mas só para quem tem dinheiro,
que possa pagar a advogados!
 
Não roubes um chocolate ou pão,
no supermercado que não terás prescrição.
 
Não gosto do tempo que estou a viver,
tenho saudades da honra e dignidade
que havia no outro tempo,
claro que não quero recordar,
o tanto de mau que havia nessa época,
só lembro e guardo em mim,
as poucas coisas que eram boas!
 
Que mais irei ver,
no tempo que me resta?
 
José Carlos Moutinho 
 13/4/2021

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Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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