Esta chuva persistente e silenciosa
calou em mim o sonho
de soltar versos ao vento
cantando minhas ilusões,
porque a chuva,
húmida e irritante,
também calou o vento
que passava,
meu portador de quimeras,
agora, melancólico,
ollho a rua deserta
vazia de gente
e de emoções
onde nada acontece,
só a chuva cai,
escurecendo o horizonte
dos meus pensamentos
que tentam focar-se
na copa das árvores
que, refrescadas pela água,
talvez se sintam felizes
em contraste com o meu desânimo!
Depois...
porque a chuva vai-se cansando
e o sol tenta desabrochar
por entre o cinzento do tempo,
vai surgindo dentro do meu peito,
a vontade de agarrar novamente
as palavras dos versos calados,
e, após, construir castelos de sonhos,
enviá-los, como eu almejava,
nas asas do vento,
para que alguma ninfa os aceite.
José Carlos Moutinho
31/10/2021
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