Escusam-se os gestos
calam-se as palavras
esquecem-se os afectos,
o mundo está enfermo de sentimentos
sofre de amnésia e inquietude,
atitudes ancoradas
no vazio do tempo da harmonia,
ruas, inevitavelmente, cansadas
em tempo de pandemia,
gritam as gaivotas em desalento
pedindo o retorno da brisa
que lhes traga marés de alimento
porque... é finita a maresia,
é o desassossego, afinal
sem vento nem temporal,
embora o sol brilhe no firmamento
está plantado o descontentamento,
olho o sorriso das rosas do meu jardim
felizes porque ignoram a humanidade
e as aves, alegres, voam sem fim,
confunde-me o caminho da amizade
porque a realidade que existe em mim
não permite qualquer ambiguidade!
Lá fora, o sol brilha, cintilante
Cá dentro, do meu peito, há bruma
José Carlos Moutinho
12/11/2021
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