com as palavras fugidias,
que teimam, obstinadamente,
em recusar os meus sentires,
há momentos em que as compreendo,
por que eu mesmo me desentendo
na minha intenção de as alinhar
em pensamentos pintados de poesia,
ou mesmo de simples prosa!
É, então, que, nessas situações
e abraçado pelo silêncio,
eu me concentro e dialogo silenciosamente
com as palavras,
solicitando delas as sua compreensão...
só assim...
no interregno dos desentendimentos,
é que encontramos a harmonia
e a boa vontade das estrofes,
que, carinhosamente, se deixam agrupar
em versos pintados de metáforas,
ou, simplesmente agasalhados por rimas
que, em tecidos finos,
cobrem os singelos caracteres
vestindo a nudez do poema
ou a inquietude do romance!
Jamais discuto com as palavras,
elas são a essência da razão,
eu sou, somente,
o seu servo que, abusivamente,
as uso à sua revelia
porque sei que elas, também,
jamais discutem comigo!
José Carlos Moutinho
1/2/2022
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