O vento também sopra
Podes jogar pedras de ofensa
que, com elas, construirei a ponte
sobre a qual transporei o rio das tuas frustrações
Podes gritar impropérios de indignação
pois desses teus gritos farei uma canção
com versos de amor
Sabes que o vento também sopra
e eu, para o evitar, desvio-me
no abrigo da minha serenidade
Devias preferir a acalmia da brisa
que, em tardes sonolentas
agita-nos o pensamento levando-nos
a discernir sobre o bem e o mal
Tenta, pois, acalmar essa tua verborreia
e, simplesmente, contempla o mar
em dias de bonança,
encontrarás, indubitavelmente,
a quietude das areias, que carinhosamente,
são beijadas pela espuma das ondas
Se nenhum destes conselhos te servir,
peço-te, com a simpatia da displicência,
que me ignores, esquecendo que existo,
eu já te perdoei pelas pedradas da tua ignorância
que me atiraste, das quais depois da ponte
afoguei-as no esquecimento da minha tolerância
José Carlos Moutinho
17/11/2023
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