quando me aconchego no silêncio
e pensando-me poema, levo-me em divagações
por prados verdes de esperança
nem sempre, porém, são verdes
esses campos que, pelo meu olhar, desfilam
no meu viajar em pensamento
tenho encontrado pedras cinzentas
talvez pintadas pela desilusão
de algum passeante
que nelas depositou sua tristeza
também, neste meu caminhar etéreo,
descubro belas flores, que, todavia,
se escondem envergonhadas
por este mundo em que vivem,
onde a guerra e o caos se instalaram
insisto neste meu caminhar mental
e, mais à frente…
oh, Deus, que estranho:
lado a lado muitas árvores,
umas, de folhas mortas pela falta de oxigénio
e outras plenas de vida e de cor, felizes,
num contraste, quiçá, demonstrativo
de que este nosso universo ainda tem salvação
fiquei confuso perante esta diversidade
pouco empática e, até, chocante…
resiliente, ainda segui por mais uns longos
espaços de tempo,
permitidos pelo silêncio,
que, silenciosamente partilhava comigo
e…então, aconteceu o milagre,
tudo o que para trás ficara
não passara de triste imagem,
pois ao atravessar a ponte da verdade,
que me suportava a frustração, antes sentida,
deparei com um outro prado, outro verde,
outras e ainda mais belas flores coloridas
pelas fantásticas cores
de um mundo, jamais imaginado!
Seria sonho, anseio, miragem,
loucura de um desejo improvável
ou a recordação de um outro tempo,
em que tive a felicidade de ter vivido?
José Carlos Moutinho
26/11/2023
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