José Carlos Moutinho
Portugal
Aquela porta esteve tanto tempo fechada
que ao abri-la, ouvi-a chorar as suas dores
com um profundo lamento de alma cansada,
ausência da luz solar e do perfume das flores
que se perderam no tempo de vida passada
Ao entrar na sala escurecida pela solidão
escutei o silêncio vazio que amedrontava,
seria pela ansiedade ou talvez pela emoção
que me levava a descobrir o que desejava
encontrar na casa fechada pela escuridão
Escancarei as carcomidas janelas de madeira
pintadas de vermelho matizado pelo tempo,
agora com luz pela casa, era melhor maneira
de procurar o que tinha no meu pensamento,
vasculhei tudo, sereno, parecia brincadeira
Móveis antigos, papeis velhos, amarelecidos
espalhados pelo chão frio esquecido das horas,
havia louças pintadas por desconhecidos,
tapetes, alcatifas bordadas com cores amoras,
castigados pela idade que os deixara polidos
Pensava encontrar algo misterioso de assustar
entrando na casa de porta há muito fechada,
porém, com certa pena, nada pude encontrar,
percorri a sala, quartos, cozinha, toda fachada,
sai dali, deveras frustrado, jurei não mais voltar
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