quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

#NATAL, AS DIFERENÇAS

 

NATAL, AS DIFERÊNÇAS
José Carlos Moutinho
Portugal
 
Perco-me, confuso,
no turbilhão dos meus pensamentos
creio, até, que já nem tenho noção
da razão e da realidade
há uma força que tenta desligar-me
do certo e do errado
 
Talvez seja heresia
o conteúdo destas minhas palavras
mas, perante o que se me depara
a todo o momento
pelas ruas por onde passo
pelos noticiários dos média
pelas visões televisivas
encontro uma enorme discrepância
e absoluta injustiça
haver tanta abundância
e, paradoxalmente, tanta miséria
 
Contemplo a majestosidade das luzes de natal
encanto que noz faz sorrir a alma,
mas que não aquece os corpos gélidos
dos abandonados pela sorte
 
Montras repletas de bolos e outros doces
permitidos somente aos privilegiados
mas escusados aos perdidos
na encruzilhada da vida
 
É, nesta quadra, que mais me aflige
esta incrível desigualdade
entre o ter e o ser
levando-me a pensar na absurda
divisão da humanidade
onde uns podem sorrir e sentir felicidade
e outros, cada vez, mais,
nem conseguem esboçar um sorriso, 
porque têm os lábios gretados pelo frio
 
Podem até, achar-me demagogo,
aliás, quem me ler,
pode entender o que bem quiser,
não escrevo para agradar,
mas sim, para tentar libertar esta angústia
estrangulada no meu peito
 
Confesso-me um ser remediado
que se sente feliz com o pouco que tem
sem invejar o muito de tantos
mas, triste, lamentando
o nada de tanta gente
 
Culpas destas diferenças, teremos todos nós,
mas, particularmente, um estado
que ignora as situações de miséria
que não abriga quem não tem tecto
tendo, por aí, abandonadas,
centenas de construções em decadência, inúteis
quando o seu reaproveitamento seria tão benéfico
para imensa gente, que sobrevive em tremenda dificuldade
 
Olho o infortúnio que grassa nos povos do mundo,
lembro África, Ásia, América latina, enfim…
 
A soberba a arrogância e a vaidade,
Ignoram a solidariedade a dignidade o respeito
 
Mas é natal, que se repete a cada ano,
onde a “humildade” se veste de luxo
e a “grandeza” da miséria de trapos
 
Natal, época festiva de luz e escuridão,
fartura e escassez, calor e frio,
alegria e tristeza, abraços e solidão
 
É natal, irmãos, sejamos todos felizes!
 

5/12/2025

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Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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