sábado, 19 de março de 2011

A madrugada




Recordo, como se hoje fosse
Aquele dia, em que surgiste
Envolta nos raios da aurora,
Que fascinavam, pelo seu brilho
Ainda suave, mas cintilante.
Acompanhava-te o murmúrio,
Das ondas do mar,
Que vinham suavemente beijar,
As areias douradas da praia.
Foi como um deslumbramento
Algo irreal, como um sonho.
As gaivotas, como tuas guardiãs,
Esvoaçavam à tua volta,
Transmitindo paz;
Seriam elas as próprias mensageiras.
Era um quadro de encantamento,
Num cenário de profundas emoções.
Lá longe, no horizonte vislumbrava o paraíso,
Sereno, azul, ponteado de espuma branca,
Na carícia do vento sobre as águas,
Como se fosse uma tela Divina,
Pintada com cores surreais.
Mas tudo é fugaz, nesta vida
E tu rapidamente desapareceste,
Tornaste-te adulta,
Deixaste de ser madrugada.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 18 de março de 2011

A lágrima que desliza




A lágrima que desliza pelo seu rosto
Qual gota de chuva,
Com brilho de cristal,
Contem nela, a paixão.
No amor também se chora
E a felicidade é por vezes a lágrima,
Que suavemente se deixa cair,
Sem que signifique tristeza,
Ou talvez sim.
Chora-se pelo ciúme, que o amor causa;
Caem lágrimas por desconfiança,
Mas sempre por amor.
O amor e o ódio andam juntos
Transformam a mente e o comportamento.
É através das gotas lacrimejantes,
Que se manifesta a dor ou a alegria.
A lágrima é a seiva,
Que brota da fonte da alma,
Na alegria e na tristeza,
No amor e no ódio.
É a lágrima, no seu caudal
Que carrega todo o tipo de emoções.
Lágrima que nos sensibiliza,
Lágrima que nos dilacera,
Ver cair do rosto de quem sofre,
Lágrima de alegria, pelo amor;
E essa, sim,
Faz-nos sorrir, através da lágrima
Que desliza suave pelo rosto,
De Felicidade.

José Carlos Moutinho


Eram tardes quentes, secas,
Quase impossíveis de se respirar,
O ar era denso,
Intransponível num simples olhar.
As árvores, impávidas, não oscilavam,
Porque o vento não soprava.
Tudo parecia ter adormecido,
Suava-se copiosamente,
Mesmo abrigados,
Pelas frondosas copas,
Das gigantescas árvores.
Perscrutávamos as estradas
De terra batida, de pó compacto,
De cor vermelha.
Fascinava aquele vermelho do chão,
Que ainda mais realçava,
O verde da vegetação.
Tudo em volta era solidão,
Pacificadora da Terra.
Se por um lado tudo era belo,
Apesar do mormaço
Por outro, assustava um pouco,
A simbiose de calor com solidão.
Mas era África no seu apogeu climático,
Era a beleza pura,
Mesmo sufocante do calor,
Num território encantador,
Pois, havia a flora a fauna, fabulosas.
Avistavam-se a curta distancia,
Animais selvagens,
Pachorrentos, inofensivos.
Era a pujança de uma terra,
De um imenso e belo continente,
Angola,
África.

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 17 de março de 2011

Pensando em ti




Apareceste assim, num ápice,
Na envolvência de uma confusão.
Ao ver-te pela vez primeira,
Não tive dúvida da paixão,
Que comandaria o meu ser.
Eras arrogante, altiva,
Mas teu jeito me encantava,
A tua personalidade me deslumbrava,
Aos poucos moldei a tua maneira de ser,
Porque o amor era premente,
A tua imagem estava sempre presente.
Fui-te conquistando, pois eu era sincero,
Meu carinho por ti, era frequente,
Respondia às tuas palavras ásperas
Com a delicadeza de quem ama.
Foste aos poucos te entregando,
Porque estavas submissa ao meu amor,
A tua entrega era de mulher apaixonada
E eu deixei-me envolver totalmente,
Numa simbiose de ilusão e emoção.
Para que tudo fosse mais envolvente,
Teriam, nossos corpos que se unirem
Num frémito de loucura,
E perdermos a razão, num amplexo longo.
Mas afinal…
Tudo não passou de um sonho acordado
E tu não existes.


José Carlos Moutinho


Sintonia




Olhares que se cruzam,
Ilusões que se inventam,
Paixões que se despertam,
Emoções sentidas.
Misto de sentimentos exacerbados
Pelos desejos espevitados.

Quando o teu olhar
Encontrou o meu,
Tudo deixou de ser como antes;
Fomos a metamorfose das nossas vidas.

Foste o calor do meu deserto,
Do anseio, de areias escaldantes
Do vulcão do teu corpo.
Foste o abraço da partilha
E o beijo da paixão e do amor.
Foste a vontade da minha vontade;
Eu fui o querer do teu querer.

José Carlos Moutinho


Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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