terça-feira, 26 de julho de 2011

Sonhar utopicamente




Despojar-me-ei dos meus medos,
Caminharei sem descanso, neste chão
Com a dureza das agruras da vida
E alcançarei o limiar deste meu alvorecer,
Numa busca incessante do razoável!
Deixarei perdidos no tempo,
As vivências insalubres, sem sentido
E terei inexoravelmente de encontrar
A razão, para um viver sem anseios desatinados,
Nesta selva de empedernidos contrastes!
Espero que neste longo caminho,
Galgado sob intempéries de olhares de viés,
Encontre as ruelas da tranquilidade,
Que me permitam atingir a indiferença
À maldade e ignorância,
Da bestialidade humana!
Irei sempre fintar as rasteiras da vida;
Quero somente encontrar a alvura da solidariedade,
Iluminada pelo sol da esperança,
Chegar ao ocaso da serenidade
E ser envolvido no manto lunar da felicidade.

José Carlos Moutinho

És fogo, és magma em corpo de mulher




Sou a cor do meu sonho,
Visto-me da luz que me rodeia,
Absorvo sôfrego o ar da paixão;
A minha alma vibra ao imaginar-te
Em mim e tu, longe no espaço,
Pensamentos em sintonia;
És o dia nas noites da minha solidão,
Tens a luz, que me envolve se a tristeza me toma;
Quando me chegas na brisa do teu perfume,
Sinto o teu calor e a vibração do teu querer;
Emotivas o meu coração,
Que louco dispara, como cavalo sem freio
Em batimentos arrítmicos;
Lentamente estabiliza e num suspiro,
Surge uma doce sensação de relaxamento,
Um estar e sentir na doce quimera,
De viver momentos inexistentes irreais,
Sublimes e profundamente belos!
És a cascata que me cobre,
No leito do meu rio de ti;
És a sombra do oásis, que me acalma,
No calor do meu deserto exaltado!
És a areia escaldante,
Que incendeia esta minha paixão!
És fogo, és magma, em corpo de mulher,
Que desperta o vulcão em mim.

José Carlos Moutinho

domingo, 24 de julho de 2011

A subtileza da brisa





Tens nos gestos a subtileza da brisa,
Na tua voz a doçura melódica do murmúrio,
Timbre de excitante fascínio;
O teu olhar, brilho de estrelas cadentes,
Que me iluminam o meu sentir,
Penetrando fundo a minha alma!
As tuas mãos, ternura do êxtase, no afago,
Que me deleitam na carícia do teu desejo;
O calor do teu corpo, no abraço consentido,
Prazer enlouquecido pela razão que se vai;
O estremecer na vibração de nosso querer,
Pelos beijos que trocamos, leves como penas,
Que arrepiam os nossos corpos escaldantes,
Dilatam-se os poros, que se desidratam pela excitação;
Pensamentos que se perdem no nada,
O irracional, ocupa o trono do racional;
Apertados num só corpo, excitam-se dois corações,
No murmurar das nossas almas
E na vontade de nos sentirmos.

José Carlos Moutinho

sábado, 23 de julho de 2011

Somália




Nuvens infindáveis compactas de pó
Do sangue de um povo;
Chão gretado,
Pela ausência da chuva que morreu;
Secura de uma terra, pátria
Seca pela vida e pela humanidade;
Gente que vagueia, como zombies,
Corpos esquálidos, cambaleantes
Embriagados pela míngua;
Olhos desorbitados pela indiferença,
Dos que os culpam por terem nascido;
Barrigas dilatadas pela fome,
Povo agredido e mutilado
Pela injustiça no mundo,
E pelos senhores da guerra,
Gente da mesma gente,
Alheios aos necessitados;
Crianças transmutadas em velhos;
Gente que se mata mutuamente
Para obterem nada…
Ódios entre iguais
Pela sobrevivência;
Terra morta, abandonada;
Corno de fera acossada,
De um continente torturado,
Corno de África;
Terra sem lei, nem vida
Somália…
Onde morrem, como insectos
E vivem pior que vermes;
Gente que morre no nascer!
Que mundo é este?

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Pensamentos




Penso-te em momentos passados
De horas esquecidas
Em ausências adormecidas;
Melodias emudecidas pelas folhas caídas,
De pensamentos sofridos em noites perdidas;
Vejo-te no alvorecer, como nuvem opaca
Estrangulada pela ânsia do meu querer!
Mar agitado, das ondas da minha solidão,
Escurecidas pelo breu do luar que não nasceu;
Pálidas vontades de instantes entorpecidos,
Pelo desencanto da luz que se apagou!
No beijo que não fecundou,
Na tua boca que se fechou;
Escorres-me pelos dedos, como chuva seca,
Agrides-me a alma com a secura do teu silêncio,
Feres-me na tua insensível presença,
Gritas-me no vento que me passa,
Turvas-me as pupilas com o teu olhar!
Agora, serei a brisa que me leva no voo da indiferença
E encontrarei o meu esquecer em ti.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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