terça-feira, 25 de outubro de 2011

Continuarei a poetar




Sorrio as letras que faço beijar o papel branco
E que se fazem palavras acariciadas,
Pela vontade da imaginação criativa;
São palavras vadias nos pensamentos,
Que divagam entre o nada e o tudo,
E aconchegam a razão com a fantasia,
A ilusão com o coração
E a paixão no sonhar da alma!

Interrogo-me porque escrevo eu isto,
A que me levam estas palavras,
Feitas frases e destas pétalas de estrofes,
Em bouquets de belos poemas?

Como explicar este fenómeno,
Da mente que inventa ideias,
Transformadas em harmonia,
De alienatórias palavras,
Em beleza de encantada poesia?

Após esta admiração pelas letras,
Conjugadas em palavras,
Harmonizadas estrofes
Eis surgido o poema.

Depois deste namoro,
Entre mim, o papel e as letras,
Cujo resultado está aqui,
Vem a avaliação de quem me lê;

Dizem uns… bonitinho mas pobre,
Outros, que é excelente, bela construção poética
E os mais entendidos e radicais…
É uma nulidade, sem rima, sem métrica, sem estrutura….
Isto não é poesia!

Acariciei as letras,
Beijei as palavras,
Abracei os versos,
Para criar esta minha obra,
Submeto-me à apreciação do comentário,
Que se for sincero, mostra que não sou poeta,
Se, for por simpatia, continuo iludido que o sou,
Mas por quem sabe do tema, é diferente,
A crítica tem valor, é valiosa, qualifica…
Mas afinal, porquê quem critica, não escreve?
Sei que sou como sou, escrevo como me apetece
E continuarei a tentar poetar.

José Carlos Moutinho

sábado, 22 de outubro de 2011

Murmúrios distantes




Sufocam-me os dias do meu estar,
Aperta-se-me o peito angustiado pelo nada;
Solta-se-me um grito estrangulado
Que voa, pelos vales da esperança,
E é a tua voz, que no eco, me responde,
Palavras de amor e arrependimento;
Mas estão longe, muito longe,
E chegam-me num murmúrio…
Perdem-se na distância dos erros cometidos
E momentos sofridos,
Que nem os místicos luares sararam;
Tampouco as estrelas que nos iluminavam,
Te mostraram a luz do nosso caminho;
Desperdiçaste a felicidade que se te oferecia,
De um coração aberto e uma alma transbordante,
De alegria constante!
Recusaste o sol que aqueceria a tua frieza,
Renegaste até os perfumes que a natureza,
Te colocou na floreira da tua vida,
Na forma de belas rosas vermelhas,
Oferecidas em instantes de êxtase

Agora o Universo gira num desatino,
Descontrolado pela razão da inconsciência,
Que me leva a uma irónica saudade,
Que não faz mais sentido,
Metamorfoseada por outras razões.

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Vontades e sonhos




Sento-me nos degraus dos minutos,
Agarro-me às escadas das horas,
Descanso no abraço do luar,
E deixo-me levar em sonhos quiméricos
De vontades esquecidas,
Pela corrosão dos anos!
Revivo no desejo do meu querer,
As emoções contidas em momentos,
De felicidade, que esmoreceram no tempo!
Reacendem-se paixões das ilusões inventadas
E o fogo da memória explode,
O vulcão na ânsia do sentir obstinado,
Do meu desejar ter-te em mim;
Voar-te no beijo alucinado,
Das nossas bocas escaldantes,
Acariciadas pela suavidade dos nossos lábios!
Vontades e sonhos…
Que o vento espalha pelos desertos,
De sentimentos perdidos;
Paixões e ilusões desfalecidas
Pelo retorno adiado.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Sonhar na praia



Perde-se a minha visão pelo horizonte,
Deste mar verde azulado das saudades,
Lembro aquele navio de amor navegado,
Nas ondas de uma doce paixão,
Que o tempo tenta fazer esquecer,
Mas que a memória contraria;

Vens desfazer-te em espuma,
Em alvas ondas, que desfalecem 
Em sussurro, nas areias da praia;
Tornas-te imagem do meu querer,
Que me faz esquece a minha solidão
E enrolas-te no meu corpo,
Num doce afago de calor;
Abraças-me em ânsia incontida,
Colas nos meus, os teus lábios ávidos,
Perdes-te em mim, em devaneios,
Inconscientemente sôfregos;

Levamo-nos nesta vontade,
De atravessarmos a lonjura deste mar,
Deslizarmos no reflexo espelhado do sol,
Chegarmos ao infinito
E concretizarmos esta saudade sonhada.

José Carlos Moutinho

terça-feira, 11 de outubro de 2011

O Outono vai bordando...




O Outono arrasta-se acalorado, fora de época
O estio ainda não o abandonou;
Porém, na sua pose romântica,
O Outono vai bordando belos tapetes
Com as folhas matizadas,
Que esmorecidas pelo tempo,
Vão esvoaçando, tais mariposas
E se aninham aos pés das árvores;
É a paisagem colorida que nos deslumbra
Bucolicamente na sua quietude
E nos acaricia a alma,
Que voa por céus
De caminhos inventados!
Pousam os nossos pensamentos,
Em ramos desnudados,
Feitos braços do amor,
Que nos afagam os sentidos!
O Outono tem a tranquilidade
Da mutação da temperatura atmosférica,
Que nos faz sonhar
E nos prepara para uma estação
Que virá, quiçá tormentosa,
Fria de invernais emoções,
Em que os dias tristes e cinzentos,
São os seus fiéis companheiros,
Retirando o sol ainda vigoroso
Do Outono, que lentamente
Vai desfalecendo nos dias,
Que se esvaem nos anos.

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A idade que avança




Como é bela e interessante a vida humana.
Nasce-se, tudo é festa, alegria felicidade,
É a bênção divina de mais um ser,
Mais uma pessoa, mais uma vida,
Que lutará ao sol, ao luar ou à chuva,
Pela sobrevivência, num mundo conflituoso!
Momentos deliciosos são vividos,
Com amor, ou sofridos…
Ao longo do tempo, que se vai escoando,
Nas horas que voam de paz ou de guerra!
Passam-se anos…
A juventude vai-se perdendo lá no infinito
Das recordações das paixões
E amores sentidos!
Os humanos, como as flores,
Vão adquirindo uma outra beleza,
Com o passar das primaveras,
Tornam-se mais sábias, mais dóceis,
Têm a candura nos seus olhares,
A ternura nos gestos;
A carícia nas mãos que se vão enrugando.
Adquirem o dom da tolerância e da compreensão,
Têm um brilho de amor nos olhos cansados,
Um sorriso permanente nos seus rostos,
Traçados pelas linhas do tempo,
Que lhe dão a graça e a ternura
E que nos deliciam ao toque de um beijo de carinho!
Com a idade que lhes assumiu o cansaço,
Tomam pose de rainhas da sabedoria!
São os nossos queridos idosos,
Vividos, mestres no amor e sapiência!
Eles são a bênção de Deus,
No ciclo da vida humana,
Deliciosamente bela.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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