Sonhei!
Um sonho tão maravilhoso que
me deixou eufórico,
Saltei da cama, vim à janela,
A alvorada tinha despertado,
E os seus raios luminosos
Já iluminavam as almas…
Trimmmmm…maldito
despertador!
Acordei!
Acordei para a triste
realidade
De que o sonho tinha sido
uma ilusão!
Portugal continuava o mesmo,
As pessoas com semblantes
tristes,
Gente andrajosa, tiritando de
frio,
Estômagos colados nas
costas, com fome!
Gaita!
Porque sonhei uma coisa
destas,
Seria por provocação à minha
essência?
Pus-me a pensar da razão de
tal sonho
e surge-me à mente
decepcionada, esta revolta:
Que me importa que o Afonso
primeiro
Tenha corrido à espadeirada
os mouros?
Se hoje somos nós os
corridos
pelos afonsos da incompetência!
Que me importa que a padeira
Tenha rachado cabeças aos
castelhanos?
Se hoje as cabeças rachadas
são as nossas
pela falta de emprego!
Que me importa que o Vasco
da Gama
Tenha descoberto o caminho
marítimo para a India?
Se hoje são os nossos jovens
que tentam descobrir o caminho
do seu futuro!
Que me importa que
tivéssemos um Império,
E dado novos mundos ao
mundo?
Se hoje não temos pátria,
nem emprego, nem lar nem futuro!
Que me importa que digam que
os cortes
dos salários, da saúde, da
educação,
são para garantir o futuro
do país,
se esbanjam em interesse
próprio?
O nosso futuro é HOJE.
Temos de comer e não temos.
Queremos empregos e não
temos.
Queremos um lar e perdemos o
que tinhamos!
O que me importa…
O que realmente me importa é
que recuperemos a dignidade
e o direito de sermos
tratados como humanos
e cidadãos de pleno direito,
neste triangulo terrestre a
que chamaram
jardim à beira mal plantado,
e que hoje não passa de um
campo de flores murchas,
secas à mingua de esperança.
O que me importa é que haja
vergonha
e responsabilidade, sem
demagogia,
e que a política seja usada
para bem da Nação
e não dos partidos e afins!
José Carlos Moutinho
29/11/14