Sentado no meu carro, junto ao mar,
Vejo as gaivotas esvoaçarem
No seu grasnar rouco;
Observo as árvores semi despidas,
Figuras grotescas,
Tais humanos esfarrapados;
As folhas caiem, em desequilíbrio,
Num zig zag de agonia;
As que ficam nos ramos, oscilam
Trémulas, carentes, saudosas
Das folhas que caíram ao chão;
Céu cinzento, triste
De inverno,
Ciclo de vida...
Por analogia, recordo as pessoas
Esfomeadas, que caiem pelas ruas
Onde vegetam, porque não vivem.
E é Natal!
Interrogo-me ingenuamente
Se as árvores têm Natal
Acho que não!
Estes seres humanos também não!
Divergências entre
Árvores e humanos...
As árvores têm o calor da mãe terra,
Esta gente
Não têm nada
Nem ninguém.
J.C.Moutinho