quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Caiem folhas



Sentado no meu carro, junto ao mar,
Vejo as gaivotas esvoaçarem
No seu grasnar rouco;
Observo as árvores semi despidas,
Figuras grotescas,
Tais humanos esfarrapados;
As folhas caiem, em desequilíbrio,
Num zig zag de agonia;
As que ficam nos ramos, oscilam
Trémulas, carentes, saudosas
Das folhas que caíram ao chão;
Céu cinzento, triste
De inverno,
Ciclo de vida...
Por analogia, recordo as pessoas
Esfomeadas, que caiem pelas ruas
Onde vegetam, porque não vivem.
E é Natal!
Interrogo-me ingenuamente
Se as árvores têm Natal
Acho que não!
Estes seres humanos também não!
Divergências entre
Árvores e humanos...
As árvores têm o calor da mãe terra,
Esta gente
Não têm nada
Nem ninguém.

J.C.Moutinho

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Foste metáfora



Foste pedra riscada de mim,
Ar que eu respirava,
Foste alento para minha caminhada,
Luz na minha escuridão,
Foste chuva das minhas lágrimas,
Sorriso do meu encantamento,
Abraço na hora do desespero
Foste mulher, companheira,
Amargura, doçura,
Tiveste em ti estrelas
Da alegria,
E relâmpagos de tristeza,
Foste uma tempestade de emoções,
Furacão de amores,
Foste o fogo da minha paixão,
Água fria do meu desencanto,
Podias ter sido a flor
De todas as flores, do jardim
Da minha felicidade,
Tão somente foste
Uma flor que descoloriu,
Foste metáfora
Do nosso sonho.

J.C.Moutinho

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Pintarei a vida



Foste a inspiradora da minha tela,
Pintei-te com as cores da minha ilusão,
Da tela dos meus sonhos,
Retirei toda a paixão,
Cada traço do meu pincel,
Era um momento de alegria

Extasiado admirava a minha obra,
Orgulhoso da minha musa,
Mas tudo tem um fim...
E a tela às primeiras gotas
De uma chuva intemporal,
Foi perdendo as cores
Da paixão, da ilusão e dos sonhos
Tela antes envaidecida,
Pela sua beleza deslumbrante
E apaixonante das cores do amor,
Restou o branco do pano seco
Da frustração.

Obstinado, continuarei a pintar
Em busca da tela perfeita,
Sei que um dia
Terei a minha obra-prima
E pintarei a vida.

J.C.Moutinho

Assim é a vida



São pensamentos diversos,
Neste mundo de loucas ilusões,
Suportemos os momentos adversos
E encaremos com vigor as desilusões.

Se tudo fosse belo e brilhante,
A vida seria um esplendor,
Mas a realidade é frustrante,
Tanta gente vive na dor.

Um dia tudo mudará para melhor,
A bondade será uma constante,
Podemos ter e sentir o amor,
De uma maneira mais vibrante,

Se assim não acontecer,
Só nos resta lutar pela razão,
Porque todos iremos morrer,
E será o fim da presunção.

J.C.Moutinho

domingo, 19 de dezembro de 2010

Vens com a noite



Vens com a noite,
Discreta, suave e misteriosa,
Trazes o luar nos teus olhos;
Teu beijo, como pétala delicada
Roça meus lábios, docemente;
Aconchegas-te no meu peito
E ficamos em devaneio, abraçados;
Gozamos cada minuto,
De todo o nosso tempo
E esse tempo leva-nos a sonhar;
Embalados por Morfeu,
Viajamos por vales da serenidade,
Subimos as montanhas da felicidade,
Transpomos montes de ilusões,
Navegamos por rios de emoções,
Voamos pelos céus das paixões
E nossos desejos tornam-se realidade;
É o amor na sua força encantada,
Que nos leva a um sossego,
Inconsciente do prazer.

J.C.Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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