quarta-feira, 20 de julho de 2011

Porque não existias




Levo-me por esta estrada sem margens
Em busca do nada;
Carrego sonhos por sonhar;
Vislumbro no horizonte uma luz ténue,
Do crepúsculo que caminha até mim,
Na linha da estrada sem fim;
Lembras-me tu, em forma celestial,
Mas é somente a ilusão do imaginário,
A tua imagem surge, despida
Num nu estonteante,
Maravilhosamente deslumbrante,
Que me faz esquecer a minha caminhada,
Por esta estrada sem fim e de luz ténue,
Porque de repente tudo se iluminou
Com a visão do teu corpo;
Seria o tal sonho por sonhar
Ou delirava, pela busca do nada;
Talvez ambos,
Ou porque a minha mente desatinava
E deixei-me embalar em pensamentos
Quiméricos, devassos talvez,
Mas numa sensação de um sentir
Nunca antes sentido,
Mas secretamente desejado
E tantas vezes imaginado!
E de repente ali estavas tu, qual ninfa
Esbelta e provocantemente doce
Longe de mim e eu sem poder te tocar
Porque não existias!

José Carlos Moutinho

terça-feira, 19 de julho de 2011

Ilusão efémera




És o chão em que me deito,
Aconchego-me nas dunas do teu corpo,
Sou acariciado pelos teus dedos sedosos,
Beijado pela tua pele rósea de cetim,
Levitado no calor dos teus braços
E perdido na doçura da tua boca!

Voamos por este céu, qual estrada,
Como pássaros sem rumo,
Façamos das nossas asas, violinos,
Que nos levem no seu som melódico,
Por entre estrelas e dancemos com elas!

A cintilação do luar
Ilumina-nos nesta festa sublime,
Onde seremos astros entre astros,
Protegidos pelas luas da Terra
E com Marte como vigilante,
Embalados nas ondas celestiais,
Seremos dois seres divinos,
Por alguns momentos!
Depois…
Retornamos à nossa vida terrena
Insignificante, mundana!

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Tempo que voa




Esvaem-se os minutos,
Nas horas que morrem,
Na caminhada dos ponteiros entorpecidos
Do relógio velho e cansado,
Pela contagem do tempo que passa!

Tempo que fugazmente absorve a infância,
Atropela célere a juventude,
E nos encurta o nosso tempo,
Em rápidos e desgastados anos!

Entro em mim,
Observo as estrelas
Que me acompanham na minha solidão,
Perdido nos meus pensamentos,
Intrigado pelo fenómeno da voragem
Deste tempo, que tão pouco tempo
Nos concede.

Revoltado,
Luto contra a injustiça,
De ver as horas voarem,
Naquele relógio velho e cansado;
Emudeço-o no seu tic-tac
E paraliso-o no seu andamento sem fim.
Fiz justiça!

José Carlos Moutinho

domingo, 17 de julho de 2011

Lamentos da alma




Soltam-se suspiros do seu peito,
Como lamentos da alma, despertados!
São ais, que se deixam levar
Nas ondas imensas da saudade;
Vagueiam por este mar sem fim,
Recuando a um tempo
Em que a saudade não existia;
Esta, dava lugar ao amor e ao sonho
De uma paixão inventada na luz da ilusão!
Mas esse mesmo tempo implacável,
Tornou essa luz em penumbra,
Encobrindo o brilho de um sentir
Agora melancólico e nostálgico!
Os pensamentos, esses elevam-se
Acima dos lamentos e ais
E voam, perdidos em esperança e desilusão,
Em busca de um porto de abrigo
Em que finalmente,
Possam deixar de suspirar, no seu peito.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Palavras que o vento te leva




Peço ao vento que me toca o rosto,
Que te leve as minhas palavras,
A ti e que penetrem no teu coração,
Como elas brotaram do meu!
Desejo que te sintas tocada
Pela mais doce e sensitiva ternura do meu querer;
Que as minhas palavras levem todo o meu ardor
E incendeiem o teu desejo;
Repara nas folhas das árvores que te cercam,
Elas têm os meus gestos de carinho,
Aproxima-te…
Ouvirás o meu murmurar através delas;
Sentir-te-ás abraçada por mim,
Nos ramos que te envolvem;
Olha com atenção a luz translúcida do sol,
Verás o brilho dos meus olhos,
Clamando por entrar nos teus!
Quando na penumbra do teu quarto,
Sentires o afago de mãos nos teus cabelos,
São as minhas em forma de sonho,
Dizendo que estou contigo,
Em pensamento!
Se sentires calor pelo teu corpo,
É o meu envolvendo o teu;
E o meu amor te protege
Mesmo distante.

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Como seria?



Como seria o modo de viver
Se todos fossem iguais,
Se só houvesse o bem,
Porque o mal não havia sido inventado;
Se a alegria fosse uma constante,
Pois a tristeza, era palavra inexistente,
Como seria o modo de viver,
Se a fraternidade sempre estivesse presente?
A inveja, ainda não fora escrita,
O que havia era uma constante partilha,
Porque a fome era desconhecida,
Todos se alimentavam dignamente;
Crianças, que jamais são adultos
É um mito, nunca aconteceu;
Pois as condições sempre foram magníficas!
Gente sem lar, que morriam de frio,
Impossível… aqui todos tem um teto
E são bem agasalhados!
Quando falam nos esfarrapados,
É uma pura falsidade;
Maldades, amarguras e guerras
Nunca se viram por estes lados,
Por cá só conhecemos bondade e abraços,
A amizade é uma palavra efectiva!
Inimizade, o vocabulário ignora,
O sol por este planeta é de todos,
Quem disse que era só para alguns?
Como seria o mundo,
Com este modo de viver?

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

Ver esta publicação no Instagram

Live Planeta Azul Editora

Uma publicação partilhada por Planeta Azul Editora (@planetazuleditora) a