sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

A chuva ao som de Adagio




Hoje o dia tem a tristeza do cinzento;
Chove lágrimas de dores sofridas,
Nos pingos de amarguras sentidas;
O soprar do vento ecoa bem fundo
Nas almas adormecidas,
Que se afogam na chuva intempestiva,
Em choros de razões desconhecidas!
E caem fortes bátegas diluvianas,
De emoções desencontradas,
Na penumbra deste tempo
Que se escurece,
Na ausência da luz escondida;
O bater das gotas fortes da chuva,
No chão que me sustenta,
Faz-me sentir profundamente
“Adagio”, bela e triste melodia,
Vibrar no meu coração
Sonhador, carente...
Por outros momentos de paz,
Na luz que trará o calor que me animará,
No sol fonte da vida,
Que seque as mágoas desta chuva,
Que não desejo.

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Deixo-me levar...




Sufoco neste vazio que me estrangula,
Sinto-me soçobrar no silêncio que me ecoa,
Este nada que me tortura os sentidos,
Coíbe-me os pensamentos
E grita-me alertas de desalento!

Quando os sons se despertam,
Acordam-me a vontade,
De me libertar do espaço que me contém;

Amotino-me e levo-me sem destino,
Em emoções inventadas,
Por outros vazios de silêncios cantados,
De mágicas melodias silenciosas!

Na carícia de cristalinas águas por rios,
Que deslizam em leitos de pétalas,
Adormecido em sonhos matizados,
De sensações fluídas no fascínio do arco-íris,
Abraçado por luares de azul celeste
E iluminado por uma infinidade de estrelas,
Maior que o céu,
...Deixo-me levar...

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Mudança de emoções




Emudeceram as palavras murmuradas,
Em pétalas de melodias;
Apagaram-se os sorrisos,
De malmequeres iluminados;
Os abraços foram trocados pelo vazio,
Das ausências perdidas na distância,
Do tempo que se vai escoando;
Os beijos que sufocavam a razão,
São hoje imagens presentes,
Obscurecidas por nuvens de mágoas;
O vulcão do seu corpo, lava incandescente,
Congelou na lembrança do desejo esmorecido;
Os gemidos na sensualidade das noites de prazer
Tornaram-se gritos sufocados,
No peito dorido da saudade;
A luz cintilante daqueles dias de outrora,
São hoje sombras que vagueiam sem rumo;
O encantamento dos luares,
Que abraçavam as noites de encantamento,
Desfaleceram nas pálidas brumas
De um mar de navegantes desilusões.

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Anseios e desatinos




Levo-me por caminhos de ausências sentidas,
Quero soltar a minha alma ao vento,
Gritar ao sol que me ilumine,
Respirar o ar que me acalenta a solidão,
Abraçar os dias que me curam as mágoas!
Penetro nas florestas dos meus anseios,
Busco as respostas da minha insegurança
E encontro silêncios, despertados
Pelo chilrear das aves,
Que partilham o só do meu estar;
Procuro no cintilar dos raios,
Filtrados pelas ramadas das árvores,
Onde está a minha quietude...
Só encontro o vazio,
Oscilado pela brisa que suavemente me toca,
Sem me dar respostas;
A minha ansiedade,
Transforma-se em desassossego,
Que grita dentro do meu peito
E me sufoca em angústias desconhecidas.

José Carlos Moutinho

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Encantadas utopias




Vêm com o vento, murmúrios
Sussurrados pelas folhas que esvoaçam,
Numa coreografia de fascinante equilíbrio,
Mostrando que o cosmos que nos rodeia,
Nos transcende na compreensão,
Das coisas simples;
E os sons tornam-se melodias,
Envolvem-nos numa aura,
Que nos aquieta a alma;
A brisa agita-nos suavemente o sentir,
Amornado pelo sol,
Que surge lá longe, no horizonte
Aureolado em visão encantada;
As árvores sorriem-nos dóceis,
Partilham o nosso estar;
As cores vão-se acentuando,
No cintilar da luz que se agiganta,
Anima semblantes fechados,
Pela insatisfação de quererem mais
Quem já tanto tem;
E o universo segue impenetrável,
Com as flores que cantam
Nos seus perfumes inebriantes.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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