segunda-feira, 9 de julho de 2012

Crise que não inventámos




Confesso-me inexoravelmente cansado,
Trocam-se os caminhos, sem que eu entenda,
Admito que seja um momento, não perpetuado,
Se tivesse força, aos culpados daria uma reprimenda.

Instantes da vida que se complicam,
Sorrisos que se tornam esgares de tristeza,
Antes alegria, agora bocas que suplicam,
Neste mundo cruel, onde falta a franqueza.

Dizem que é a crise, que temos de poupar,
Mas se toda a vida vivemos sem abundância,
Para se ter algo, sempre se teve que trabalhar,
Poucos seriam os que viviam em abastança.

A minha certeza, é que somos espoliados,
Como já o fomos em tantas outras ocasiões,
Agora foi por esperteza de banqueiros safados
E os políticos que nos apertam por outras razões.

E aqui estamos nós, pobre povinho, sem chiar,
Parecemos ratos encurralados no nosso cantinho,
Já em outro tempo alguém dizia, sem se expiar,
Pobrezinhos, mas honestos mas em total desalinho.

José Carlos Moutinho
9/7/12

domingo, 8 de julho de 2012

Saudade reavivada




Quando as horas se tornam ociosas do meu tempo
e me levam em devaneios por aí...

A tua imagem surge-me em ausência,
dos instantes loucos, acobertados pelos luares
nas noites cúmplices...
Quando o meu corpo deslizava pelo teu
no escaldante atrito,
das resfolegantes escaladas,
como por montanha em ebulição,
de desejos extravasados nos suspiros!
O meu respirar que te bebia,
da tua boca sôfrega e húmida pela paixão,
através dos teus lábios
que se ressequiam na minha avidez!

Canso-me neste pensamento que me transcende
na saudade daquelas horas, jamais ociosas,
pela fogosidade da nossa juventude!

A sensação de perda,
Da pujança de um outro tempo,
ofusca-me agora,
neste meu tempo que célere me ultrapassou,
mas que a saudade reavivou.

José Carlos Moutinho

sábado, 7 de julho de 2012

Sorriso de uma musa




Nas tardes quentes da minha melancolia,
debruço-me sobre os meus pensamentos!
Faço de mim, asas de sonhos
e vagueio por céus desconhecidos
em busca do que a minha alma pede
mas que não me sabe transmitir!
E assim, voando,
perdido entre utopias e quimeras,
queimam-se as penas das minhas asas,
pelo sol que me abrasa os sentidos
e mergulho nas águas geladas da frustração;
Sufoco no desejo de absorver ilusões
submerjo no desatino da minha razão,
debato-me em aflitivas braçadas de desejo
de que a salvação surja, no sorriso de alguma sereia!
Num tormentoso navegar de esperança
e embrulhado nas ondas brancas e agitadas,
alcanço as areias douradas da praia,
onde o sorriso de uma musa me espera.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Mar...Eterno fascínio




Mar...imensa mole hídrica, que tanto me fascinas,
no olhar que se perde na lonjura do teu dorso,
e vai esbater-se no horizonte!

Gosto estar junto de ti, mar...
Quando na tua serenidade,
me deixas escutar o teu marulhar,
em sons de melodias, como palavras de amor,
na poesia que as tuas ondas entoam,
ao beijarem as areias,
onde vão espreguiçar-se no leito
dourado da praia,
que a espuma branca cobre
como lençol de pura seda!

Mas tu, mar...também és bravio,
incontrolado na tua fúria desmedida,
tantas mortes causas com a tua agressividade!
Quantos inocentes sepultaste nas tuas águas revoltosas,
só porque queriam tirar o sustento,
na labuta que afagava as tuas águas
e que tu, mar...
Arrastaste nas redes da sua fome!

Já foste tão odiado,
simultaneamente amado...
És um eterno desconhecido, mar...
Já levaste o nome de Portugal bem longe
permitiste que frágeis caravelas,
te singrassem, atrevidas e aventureiras!

Mas, para mim, mar... Quero-te tranquilo
Sentar-me na falésia,
contemplar-te na tua acalmia
onde o sol se espelha...
E deixar-me navegar no teu murmurar, minha serenidade

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Outrora




Esta ausência que se faz distância, nos anos que se escoam
Neste tempo de saudades e nostalgias,
Faz-me pensar o presente,
Que tão rapidamente se perde,
Fundido no futuro que chega veloz!
Tento esquecer tudo o que ficou para lá da memória,
Os sonhos que abraçaram quimeras
E as ilusões beijadas pelas utopias,
Mas esta, teima em relembrar o passado
E trazer instantes de encantamento,
Que nas noites de luar nos embalavam,
Nos braços da amada!
Esses mesmos braços
Que certamente abraçaram outro ou outros,
Nos descaminhos desta vida!
E aqui fico eu, pensativo,
No desassossego da minha mente
Pelo que deixei de fazer ou ser,
Por ter perdido o imperdível
E na impossibilidade de refazer o passado
E modificar o advir!
Aceito-me derrotado no sentir da minha alma,
Pela escuridão que me toldou a vontade,
De outrora...

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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