terça-feira, 27 de novembro de 2012

Levo-me pela mente





Saltam de mim, como vaga-lumes assustados,
os pensamentos em suspiros frios, acuados,
dos calores saudosos de paixões esmorecidas,
soprados por borrascas de desilusões vividas.

Pensamentos que rodopiam em volta de mim,
perdidos em desassossego descontrolado,
que me deixam pensativo e nostálgico assim,
sem rumo, com o meu coração assustado.

Quisera eu poder tudo isso esquecer,
vivenciar novos encontros, novas paixões,
fazer de cada dia o primeiro, do meu viver,
ser forte, olhar a realidade, esquecer ilusões,
agarrar a felicidade, sem ter de sofrer
pressões perversas, em levianas provocações.

Sorrio tranquilo, livre como ave em voo,
Libertei-me de amarras, encontrei novo porto
de abrigo, onde deixarei a minha alma relaxar,
pelos murmúrios das ondas, em sentidas melodias,
que me cantam desejos de felicidade,
e me abraçam em quimeras de futuro.

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

DOR





Vejo no teu rosto constante sorriso,
que esconde a dor que te avassala a alma,
e te corrói o corpo em dolorosa persistência!
Mas tu sorris, dissimulando esgares terríveis,
escondendo o teu sofrimento,
pela força da tua vontade,
na estoicidade que te caracteriza!
Imaginas-te castigada por algo que desconheces,
interrogas-te do porquê o teu “eu”
ter de sofrer assim!
As respostas ausentam-se da tua ansiedade,
e tu no silêncio das noites escuras e atrozes,
sofres, choras as tuas mágoas,
na solidão das tuas dores!
...E nas noites mal dormidas do desespero,
fazes da tortura que te aniquila,  forças,
para no dia seguinte continuares a sorrir!
Sorrindo, sofrendo em triste sina,
até que o divino se compadeça do teu sofrido corpo
e te eleve ao Infinito!

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Chove suavemente





Chove leve, melódica e suavemente
em murmúrios sobre os telhados de vidro,
parecem lágrimas de saudade de gente,
que em tempos, viveu um amor sentido!

A chuva cai, em delicadas gotas, como pérolas,
beijando as pétalas das mais belas flores,
aconchegando-se nas perfumadas alvéolas,
inventando telas de novas cores!

E chove, suave em brilhantes cristais,
que vão enriquecer um chão ressequido
pela secura dos tempos de tristes ais,
e agora se torna leito de um rio fluído,
no proliferar das riquezas naturais,
alegria de gentes com pão produzido!

E este chover, que leve, docemente,
com a sua água, nos abençoa a vida,
com suavidade cristalina em tom plangente,
chuva que tanto é paz, como morte escondida!

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Eterna saudade





Suspiro absorto em pensamentos
trazidos pelas minhas lembranças,
acariciadas por pétalas de rosa porcelana,
perfumadas de saudades,
daquela terra longínqua
tão perto do meu coração!
Um dia foste minha, terra de quentes cores,
nos caminhos de chão vermelho, que eu pisei,
pelos cheiros que me extasiavam o meu sentir,
e dos batuques que me despertavam
nas madrugadas das ternuras,
pelo misticismo daquelas gentes de pele negra,
de corações felizes,
que cantavam melodias de liberdade!

A minha memória está pintada
com as cores do pôr-do-sol
retocadas pelo arco-íris inolvidável
da minha felicidade!

Ainda sinto a impetuosidade das breves tempestades,
que me deliciavam no deslumbramento da bonança,
abraçadas pela luz do sol radioso,
surgido inesperadamente do cinzento da chuva torrencial!

Mulheres de seios soltos, aos ventos,
das savanas sem fim de uma África de fascínios!
Ah...Angola minha terra de adoção,
quero-te como jamais havia pensado!

Tu Luanda, cidade da minha juventude,
deixaste-me enfeitiçado,
conheceste os meus segredos,
guarda-os com carinho em ti,
nas raízes das belas acácias,
conserva-os delicadamente,
nos perfumes das suas flores!

Até sempre Luanda querida,
confidente dos meus segredos de amores!
Estarás eternamente em mim,
Angola das minhas paixões!

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Devaneios





Simplesmente...
Deixo-me levar nas alvoradas de sonhos
por caminhos de ilusões e fantasia,
com o coração e a alma risonhos,
em absoluta alegria e total sintonia.

Abro o meu peito à esperança do porvir,
em batimentos sincopados e libertos
de pensamentos negativos do advir,
mantenho os meus sentimentos despertos
a cada cintilar do arco-íris do meu sentir
e caminho por oásis dos meus desertos!

Absorvo cada partícula de ar que me afaga,
na ânsia do meu encontro com a felicidade,
quero encontrar sorrisos em cada fraga,
abraços nas escarpas da sinceridade!

Navego em canoa por este mar de incerteza,
em frágil equilíbrio, mas com tenacidade,
apoiando-me na força dos remos da franqueza,
deslizarei suavemente sobre ondas de verdade,
soprado pela brisa cálida da minha nobreza,
aquecido pela luz do sol da minha liberdade!

Finalmente...
Chegarei a algum porto seguro desta vida,
onde talvez, encontre âncoras de dignidade,
deixarei para trás toda a mágoa sentida,
das areias negras pela espuma da falsidade!

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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