sábado, 20 de julho de 2013

Introspectiva



Sinto no meu difícil respirar
ar seco, talvez de angústia,
ou ansiedade que não sei explicar,
só sei que me deixa a voz sem acústica.

Sinto no peito uma pressão dorida,
será deste tempo estival, sem sol
ou de alguma amargura sofrida
que me navega neste mar sem farol.

Queima-me a pele, pela paixão calada
de um amor esmorecido, em luar de agosto,
nas palavras sem vida de canção acabada,
que sulcaram no meu coração, profundo desgosto.

Olho em volta de mim e nada vejo,
o colorido da vida, para mim, escureceu,
com muita dor, sinto a falta de um beijo,
acho que não existo, meu corpo morreu.

Minha mente teima em querer pensar,
no tempo em que o amor era palavra sentida,
minha alma cansada, deixou de chorar,
com tanta dor, sente-se totalmente perdida.

No meu coração dilacerado, as lágrimas secaram,
é agora, rio seco de afiadas pedras em seu leito,
correm nele, amarguras que da nascente brotaram
e enchem de dor e sofrimento meu dorido peito.

Quero esquecer esta tormenta e esperar a bonança,
tudo na vida tem principio, meio e fim, creio eu,
espero encontrar neste meu tempo, a esperança,
que a felicidade surja do luar e ilumine este breu.

 José Carlos Moutinho

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Delírios da paixão



Sorriem,
olhos nos olhos,
tocam-se,
anseiam-se,
entrelaçam-se,
corações galopantes
em corrupio de emoções,
mãos ansiosas que acariciam
a textura escaldante das coxas,
lábios que se roçam incandescentes!

Acoplam-se os corpos exaltados
em movimentos de vaivém
ao ritmo suave do sentir,
o sangue efervesce nas veias 
em exacerbada arritmia,
soltam-se sussurros guturais em doce resfolegar!

Elevam-se pela encosta da montanha,
em delirante excitação,
agora em ritmo desatinado,
bocas coladas num sôfrego beijo
de sufocante delírio,
agitam-se num estremecer incontido,
ultrapassam as escarpas do êxtase,
atingem o cume da montanha,
em relaxante e suado clímax,
Serenam!

José Carlos Moutinho
In "Colectânea EROTISMUS"
(A quem interessar, p.f. peça-me)

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Quimeras



Quero correr pelas areias molhadas
desta praia, que me aceita como sou,
Quero escutar os murmúrios dos búzios
cantando-me canções de amores improváveis,
Quero ser salpicado pelo sal da água
que do mar se faz maresia,
Quero sorrir às gaivotas
pela alegria do seu grasnar!

Sinto-me flutuar numa felicidade que desconheço,
Afago-me com os raios solares
numa luxúria estranha!

Penso-a presente em mim,
acaricio os seus cabelos
na leveza de pétalas de orquídeas,
invento-a no abraço que me dou!

Suspiro no marejar das gotas
que me sulcam os poros
e enlevo-me no canto do mar
que em acordes melodiosos
se espraia a meus pés
em branca espuma de prazer!

Sinto-me livre das mágoas
que os dias me infligiram,
a brisa que me assobia suavemente
traz-me a serenidade
que eu quero em mim, para sempre.

José Carlos Moutinho

Minha garota



Garota de olhos doces
de fascinante sorriso
e mãos com a carícia da seda...
   
Tu que és tão amada, moras na solidão,
sentes a falta de ombro amigo e presente
tens o fogo do amor no teu coração
tanto ardor e paixão e tudo se faz ausente!

Acompanha-te a infelicidade
na felicidade de um grande amor,
tens tudo e não tens nada!

Os teus lindos olhos têm o brilho do sol
quando vês ou estás com o teu amado,
mas choram na tristeza da lonjura terrena!

Anseias por um príncipe encantado
que esteja junto de ti, nas horas solitárias,
esses não existem mais...
são somente sonhos e quimeras
porque a carência te impele à busca de algo!

Paradoxo desta estranha vida,
quando o amor é forte e recíproco
e duas almas se encontraram
pelos caminhos do destino,
mostra o amargo da ausência dos abraços,
dos beijos escaldantes,
que se mitigam nos escassos encontros
em que os dois corpos se deixam envolver
em delirante volúpia no desatino da paixão!

Ah...vida triste onde o amor é rei
E a tristeza e solidão são escravos que dominam.

 José Carlos Moutinho

terça-feira, 16 de julho de 2013

Estado de alma




Sinto na pele, a frieza
das brisas que deslizam pelo meu corpo,
sopradas do alto da montanha de ilusões
e descem pelas escarpas da vida!

Fazem-se dores na saudade
dos afagos recebidos
em noites de encantamento,
que se perderam pelos vales do tempo!

O sibilar melódico do ar,
fala-me de ti, do nosso enlevo
agasalhado pelos nossos braços
no aconchego cálido dos nossos abraços
acariciados pela doçura do luar!

Tento ignorar esta brisa fria
que me corta o coração
pensando-te doce e amorosa
pela dor que me enlouquece
e te faz ausente de mim!

Sorrio cansado para as estrelas
na ânsia de uma resposta,
que te traga novamente a mim,
Recebo o silêncio
que ecoa pela minha alma sofrida
na escuridão da minha tristeza!

Penso-te em mim
sinto que eu estou em ti
na solidão dos nossos sentires,
mas forças estranhas
impelem-nos ao afastamento!

...E deixamos que a felicidade se esvaia
nas tomentosas horas deste louco tempo...

José Carlos Moutinho

domingo, 14 de julho de 2013

Artifício das cores



Sinto no palpitar do meu coração exangue
um rejuvenescer pelas cores fortes de vermelho de sangue;
No meu âmago dá-se a explosão
do sentir que acorda o meu corpo esmorecido!

Na contemplação das cores que me penetram a alma,
vejo nos amarelos o sol
que se ausentou de mim
e que me deixou a pele lívida
pela dor da saudade daquele amor!

O azul abraça-me com o carinho do luar,
Pelo preto sinto-me efémero
nesta vida que me absorve os sentimentos!

Na simbiose do artifício profuso das cores,
que aos meus olhos se deparam
renovo-me na esperança
da felicidade que se desvanecia
pela vontade da desistência.

José Carlos Moutinho.

sábado, 13 de julho de 2013

Redes sociais



   Na solidão do meu silêncio, levo-me por pensamentos soltos, livres de preconceitos e complexos por mares de dúvidas, umas vezes e, por conclusão, outras.
Referem-se esses pensamentos ao fenómeno dos chats e das chamadas redes sociais.
É coisa nova, que, a par de tantas outras, se nos vão deparando e entrando pelas nossas casas, alterando profundamente os nossos comportamentos, e, quer queiramos, quer não, modificando-nos o nosso “modus vivendi”.
Talvez daí, não venha o mal, já que se pode considerar como uma nova forma de conviver, que por acaso acontece, numa velocidade vertiginosa, que nos permite interagir em segundos.
Se pensarmos, que antes desta modernização, a comunicação entre as pessoas era lenta e escassa, podemos até congratularmo-nos com esta evolução.
Mas os meus pensamentos, que como atrás referi e que voavam algo perdidos, pela dúvida simultânea e paradoxalmente pela certeza, tem a ver com a falsidade que existe nestas redes, ditas sociais.
As pessoas com perversos sentimentos passam-me por anjos...os anjos tomam atitudes de malvadez. Felizmente que a maioria, “ainda” são pessoas de bem e normais.
Vive-se num conflituoso mundo de mentiras e verdades. Harmonias e invejas. Sinceridade e falsidade. Honradez e vigarice. Moralidade e imoralidade. Falso altruísmo e real bondade. Solidariedade e negligência. E é neste meu divagar pelo deserto do meu silêncio, que todas estas perguntas se aproximam de mim, no desejo de uma resposta, que infelizmente, não tenho capacidade para dar.
E leva-me a esta interrogação:
Será que o mundo real está tão deturpado, tão falso e maldizente, que transpira copiosamente para as redes sociais e, aí, porque se escondem por detrás do anonimato, muitas vezes, podem dar azo à má formação de que estão imbuídos?
Enfim, o meu silêncio foi interrompido pela campainha, acionada por alguém, lá fora, no portão que me despertou do meu viajar pelo mundo da minha solidão.

José Carlos Moutinho
13/7/13

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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