sábado, 27 de julho de 2013

Céus de quimeras



Sopram-me sibilantes ventos
de descontentamento surdo,
que me calam fundo a alma
e me apertam o peito
em asfixia silenciosa...
Respiro ar seco, rarefeito
de sensações mudas
oprimidas por emoções perdidas
em noites de desalentado breu!

Quero fugir não sei para onde,
trôpegas as minha pernas
recusam-se libertar-me,
Tento impor a minha vontade,
mas esta, esmorecida
deixa-se cair em pranto sofrido

Soluço na dor que aflige o meu sentir
grito às nuvens que me olham
também elas, caladas e silenciosas
oferecem-me o silêncio como resposta!

Desespero-me nesta minha situação
de conflitos e paradoxos
busco utopias através dos meus pensamentos
acorrem-me tristezas e frustrações

Anseio pela acalmia do luar
que me proteja desta carência
de afectos e amores,
que finalmente eu consiga fugir para longe
e voar por entre céus de quimeras.

José Carlos Moutinho.

Porque escrevo



Escrevo,  escrevo...
Muitas vezes insanamente
porque as palavras brotam de mim,
como pétalas no desabrochar das flores,
não sei responder porque o faço
e o que me leva a este anseio
de deixar voar este meu sentir
nos ventos desconhecidos
por mundos que me ignoram!
Pergunto ao meu silêncio
porque escrevo,
se tantas vezes não sou lido,
e outras tantas, dizem gostar,
quando nem sequer leram o título!

E continuo a escrever...
Sem saber se o faço para mim
ou para quem não me lê!
Mas continuarei a escrever,
porque acredito que exista alguém
que se sinta aconchegada
ao carinho das minhas palavras
e se alegre com a minha mensagem
que lhes afague a alma
e faça sorrir o coração,
por vezes sofrido, pelo desamor!

E escrevo...
Porque, com a minha escrita,
em simples e sentidas palavras
em algum lugar, alguém se sentirá feliz
com o segredar da minha alma
em doces palavras de poesia!

Porque acredito nessa felicidade
que  transmito aos poucos, que me leem,
continuarei teimosa e insanamente
a escrever, até à minha finitude.

José Carlos Moutinho    

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Acreditem



Acreditem...
Gostava de fazer um poema
que fosse a exaltação à vida,
um abraço carinhoso ao amor
que fosse a metamorfose das cores
e pudesse acabar com a maldade,
Escreveria palavras que fariam as estrelas
sentirem-se em apoteótica felicidade!

Acreditem...
Usaria as palavras desse meu poema,
Em caracteres de paixão,
para gritar bem alto
que vale a pena viver
em harmonia, paz, solidariedade e amor!

Daria a cada verso uma cor inigualável
faria de cada estrofe, um hino á alegria
colocaria em cada metáfora
toda paixão que a minha alma cantasse!

Acreditem...
Que com o meu coração
eu faria o mais belo poema de amor,
em cada palavra, uma pétala em sorriso,
da união de todas as palavras,
criaria o mais belo ramo de flores,
com aromas de felicidade
e perfumes em volúpia!

Acreditem...
Eu faria esse poema,
se eu fosse poeta

 José Carlos Moutinho

domingo, 21 de julho de 2013

Filme da vida




Olho o infinito que se estende para lá de mim,
será o prolongamento da minha vida,
ou jamais atingirei o horizonte
que aos meus olhos se apresenta iluminado?

Penso-me, umas vezes, calado,
porque as palavras não encontram eco em mim,
vezes outras, como revolta, grito
assustado, pelo fenecer que se aproxima!

Retrocedo o filme da minha vida,
sorrio na contemplação das cenas afectivas,
choro nos dramas que escurecem a imagem,
e na velocidade do meu pensamento,
sinto-me nada,
no conteúdo do colorido apagado
pelos momentos perdidos
por cenas escusadas
em detrimento de outras,
solidárias e altruístas!

Observo a errada produção deste filme,
onde predominam cores negras,
em exagerados e inúteis instantes,
quando tantas cores se ofereciam
para colorir esta película da vida!

Talvez o realizador pensasse
que poderia prolongar “Ad eternum”,
o que afinal é tão célere...
Não passamos de meros actores
neste cinema da vida.

José Carlos Moutinho

sábado, 20 de julho de 2013

Introspectiva



Sinto no meu difícil respirar
ar seco, talvez de angústia,
ou ansiedade que não sei explicar,
só sei que me deixa a voz sem acústica.

Sinto no peito uma pressão dorida,
será deste tempo estival, sem sol
ou de alguma amargura sofrida
que me navega neste mar sem farol.

Queima-me a pele, pela paixão calada
de um amor esmorecido, em luar de agosto,
nas palavras sem vida de canção acabada,
que sulcaram no meu coração, profundo desgosto.

Olho em volta de mim e nada vejo,
o colorido da vida, para mim, escureceu,
com muita dor, sinto a falta de um beijo,
acho que não existo, meu corpo morreu.

Minha mente teima em querer pensar,
no tempo em que o amor era palavra sentida,
minha alma cansada, deixou de chorar,
com tanta dor, sente-se totalmente perdida.

No meu coração dilacerado, as lágrimas secaram,
é agora, rio seco de afiadas pedras em seu leito,
correm nele, amarguras que da nascente brotaram
e enchem de dor e sofrimento meu dorido peito.

Quero esquecer esta tormenta e esperar a bonança,
tudo na vida tem principio, meio e fim, creio eu,
espero encontrar neste meu tempo, a esperança,
que a felicidade surja do luar e ilumine este breu.

 José Carlos Moutinho

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Delírios da paixão



Sorriem,
olhos nos olhos,
tocam-se,
anseiam-se,
entrelaçam-se,
corações galopantes
em corrupio de emoções,
mãos ansiosas que acariciam
a textura escaldante das coxas,
lábios que se roçam incandescentes!

Acoplam-se os corpos exaltados
em movimentos de vaivém
ao ritmo suave do sentir,
o sangue efervesce nas veias 
em exacerbada arritmia,
soltam-se sussurros guturais em doce resfolegar!

Elevam-se pela encosta da montanha,
em delirante excitação,
agora em ritmo desatinado,
bocas coladas num sôfrego beijo
de sufocante delírio,
agitam-se num estremecer incontido,
ultrapassam as escarpas do êxtase,
atingem o cume da montanha,
em relaxante e suado clímax,
Serenam!

José Carlos Moutinho
In "Colectânea EROTISMUS"
(A quem interessar, p.f. peça-me)

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Quimeras



Quero correr pelas areias molhadas
desta praia, que me aceita como sou,
Quero escutar os murmúrios dos búzios
cantando-me canções de amores improváveis,
Quero ser salpicado pelo sal da água
que do mar se faz maresia,
Quero sorrir às gaivotas
pela alegria do seu grasnar!

Sinto-me flutuar numa felicidade que desconheço,
Afago-me com os raios solares
numa luxúria estranha!

Penso-a presente em mim,
acaricio os seus cabelos
na leveza de pétalas de orquídeas,
invento-a no abraço que me dou!

Suspiro no marejar das gotas
que me sulcam os poros
e enlevo-me no canto do mar
que em acordes melodiosos
se espraia a meus pés
em branca espuma de prazer!

Sinto-me livre das mágoas
que os dias me infligiram,
a brisa que me assobia suavemente
traz-me a serenidade
que eu quero em mim, para sempre.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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