domingo, 14 de setembro de 2014

Livro do tempo





Nas entrelinhas escritas pelas folhas secas
que caiam no chão do meu desejo,
senti o respirar ofegante
do outono cansado pela espera,
descolava-se a tinta das palavras
castigadas pelo estio ausente,
encharcadas pelas águas
de um tempo transtornado;
Fecho os olhos,
recuso continuar a ler o verão alterado,
e fecho o livro do tempo
que o tempo escreveu errado.

José Carlos Moutinho

sábado, 13 de setembro de 2014

Reflexão





Das profundezas da terra
brota a força que transforma o mundo,
das alturas do firmamento
sopram os ventos da vida…

Dos chãos da nossa existência
fazemos estradas para o imaginário,
o sol alegra-nos nos dias cinzentos
e aquece-nos no frio da solidão,
o luar aconchega-nos a alma
no leito da sua luz
afagando-nos com seu manto,
as estrelas cintilam na escuridão
guiando-nos nos naufrágios das desilusões…

No horizonte das nossas miragens
encontraremos a serenidade,
que com os sorrisos dos raios translúcidos
dos nossos anseios,
acariciam-nos em doce e inventada utopia
pelas margens floridas das ilusões.

José Carlos Moutinho


segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Tardes sombrias





Penso-me, nas tardes sombrias de mim
E o cinzento dos meus anseios
Fala-me de memórias perdidas no tempo,
Faço da minha melancolia, força tenaz
Que me leva a não sucumbir
Nas incertezas do meu viver!

Folhas secas do silêncio
Esvoaçam-me em sons coloridos,
com a serenidade que me abraça
e aquieta meu desassossego!

Abro as janelas da minha alma,
Deixo voar livremente os sorrisos
Que se ocultavam no canto da nostalgia,
E eles soltam-se como mariposas
Floridas, ondulantes pelos céus!

Alvorecem-me miríades de arco-iris
Num deslumbrante luzir de auroras,
Iluminando meu coração cansado,
Despertando-me da letargia
a que meu corpo se entregara…

Sorrio à cor da natureza
Que me é oferecida
Com a caricia da vida.

José Carlos Moutinho

sábado, 6 de setembro de 2014

Tempo que corre





Bem sei que o tempo corre
E sei que jamais volta,
Mas a esperança não morre
Tudo aceito sem revolta.

Voam as horas e os dias
Com sorrisos ou arrelias,
Gira o relógio sem parar,
Esmorecem os meses
Cansam-se os anos por vezes.
Na vida sempre a arriscar.

Olhai os campos floridos,
Alvoradas dos sentidos,
Que sorte temos todos nós,
A vida é um doce sorriso
Do luar vem o aviso,
Que nos canta em terna voz.

Não sei o que traz o futuro
vivo agora um tempo duro,
Mas sei que quero viver
A cantar com alegria,
Cada minuto do meu dia,
Enquanto forças eu tiver.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Lamentos da alma





Solto ao vento os pensamentos
da minh’alma, tais lamentos
que a memória guarda,
e o tempo deseja esquecer
nos outonos do meu viver
nesta vida já cansada.

Suspiro as noites tardias
acordado nas manhãs frias,
quero encontrar alegria
nos meus anseios sentidos,
algumas vezes perdidos,
que a minh’alma não queria.   

Na alvorada do meu sentir
o meu coração quer partir
deste desespero sem fim,
faço da minha essência
vendaval de prudência,
que afaste a tristeza de mim.

E na noite enluarada
em caricia calada
da brisa, veio a acalmia,
que meu corpo esmorecido
tanto me tinha pedido
e há muito eu não sentia.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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