Sinto que começo a sentir-me
cansado,
não me perguntem a razão do
meu cansaço,
só sei que estou confuso com
vaidades
que nos ultimos tempos tenho
observado
e sinto insinuosa, uma
brisa,
não daquelas que afagam
docemente,
mas sim, daquelas gélidas,
penetrantes
que nos congelam o coração
e entorpecema alma,
obrigando-nos a pensar na verdade
dos sorrisos e dos
amolecidos abraços
e das ironias que entre as
luzes da ribalta
se colam nas nossas costas!
Começo a sentir-me cansado
da minha tolerância, perante
a petulância
e irritado pelo protagonismo
dos que se ousam
atrevidamente
entre searas de dourados
trigais,
sem arte para a plantação,
nem sequer foice, para a
colheita!
Estou efectivamente cansado
e envergonhado pela minha complacência
perante tanto nefasto joio,
que infesta as plantações de
amizades
e as faz secar pelos campos
do futuro!
Desculpem este meu cansaço
e este meu sentir
entristecido,
sei que com o advir da
Primavera
relaxarei este meu cansaço
e talvez, deixe de continuar
cansado!
Agora estou francamente
cansado
e profundamente irritado!
José Carlos Moutinho