quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Mágoas



Quis despojar-me das mágoas
que me ofereciam dores,
mas elas recusaram-se a sair
dizendo-me eram simples e menos más,
que se saissem da minha essência,
talvez viessem outras,
quiçá piores e mais dolorosas!

Pensei no que disseram as mágoas amigas,
e concluí que tinham razão!

Aquelas já me eram familiares
e outras, de onde viriam,
a quem se referiam?
Era uma dúvida...
Portanto, pensando bem e com discernimento
aceitei-as de volta com melhor vontade e tolerância
pedi-lhes que não me magoassem
e elas aceitaram,
deixando-me entregue ao esquecimento
das dores que as mágoas me ofereciam.

José Carlos Moutinho

Brisa que passa (Fado)



Rio de calmas águas
Que corres para o mar,
Leva minhas mágoas
Para o mar as afogar,
Pois doem de tão arduas.

Quero esquecer o passado
E viver um novo amor,
Sou eterno apaixonado
jamais um sofredor,
Sou feliz sendo amado.

Agarro a brisa que passa,
Falo do meu desejo,
Ela responde com graça
Que eu espere o ensejo,
Da mulher que me abraça.

Espero calmo, esse amor,
Talvez me venha do mar
Ou do rio com uma flor,
o destino sabe chamar,
aguardo com fervor.

José Carlos Moutinho
*Reserv.direitos autorais*

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Filosofando





No som do silêncio
    aconchegam-se os sentires
na suavidade da brisa
    murmuram as saudades
no prateado do luar
    acalmam-se as almas
no perfume da maresia
    suspiram as ilusões
na contemplação do mar
    voam os sonhos
com o calor do sol
    acalentam-se os corações
com o sopro do vento
    soltam-se as tristezas
com as lágrimas da chuva
    choram as dores
nas palavras hipócritas
   desnudam-se as mentiras
no azedume da inveja
    escondem-se as frustrações
no envolver dos braços
    sorri o carinho dos abraços 
na beleza dos sorrisos
    podem nascer amizades
na sincera amizade
    exaltam-se as emoções
na brancura da sinceridade
    pinta-se harmonia e verdade
nas folhas secas matizadas do outono,
escondem-se mistérios que a brisa da finitude,
leva para o azul etéreo.

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Anseios





Sinto em mim…
uma louca ânsia
de soltar as palavras da minha mente
e colá-las no papel alvo
que se estende na minha frente,
fazer da inércia das letras,
poesia viva
que invada os corações
em transbordante alegria de sentimentos,
Inventar melodias
cantadas pelo silêncio do poema,
irradiadas pela luz vibrante da emoção!

Aquieto meu desassossego,
porque serenamente, as palavras
vão-se metamorfoseando,
perante os meus olhos fascinados,
em delicadas estrofes metafóricas,
perfumadas de doces ilusões,
tornadas reais pela frescura dos versos
que me são dadas sentir e tocar
e que se aninham no papel,
antes branco do vazio
e agora florido e colorido
pelas palavras,
que eu tanto ansiava,
soltar de mim.

José Carlos Moutinho

domingo, 30 de novembro de 2014

Versos sem sentido (Fado)





As noites eram vazias
das horas que se ausentaram
com o cansaço dos dias,
silêncios que calaram
tudo o que tu me dizias.

Quando a aurora chegar
com alegria ao meu sentir,
traz a luz que vem do mar
p’ra meu coração sorrir
neste novo caminhar.

Na maresia eu respiro,
com a brisa a afagar-me
no luar eu suspiro
sem querer agitar-me,
é assim o que eu prefiro.

De palavras vãs e frias,
nunca mais quero saber,
parecem marés bravias
sem nada p’ra oferecer,
porque são doentias.

José Carlos Moutinho
10/11/14

sábado, 29 de novembro de 2014

Sonhei, gaita!





Sonhei!
Um sonho tão maravilhoso que me deixou eufórico,
Saltei da cama, vim à janela,
A alvorada tinha despertado,
E os seus raios luminosos
Já iluminavam as almas…
Trimmmmm…maldito despertador!
Acordei!
Acordei para a triste realidade
De que o sonho tinha sido uma ilusão!
Portugal continuava o mesmo,
As pessoas com semblantes tristes,
Gente andrajosa, tiritando de frio,
Estômagos colados nas costas, com fome!
Gaita!
Porque sonhei uma coisa destas,
Seria por provocação à minha essência?

Pus-me a pensar da razão de tal sonho
e surge-me à mente decepcionada, esta revolta:

Que me importa que o Afonso primeiro
Tenha corrido à espadeirada os mouros?
Se hoje somos nós os corridos
pelos afonsos da incompetência!

Que me importa que a padeira
Tenha rachado cabeças aos castelhanos?
Se hoje as cabeças rachadas são as nossas
pela falta de emprego!

Que me importa que o Vasco da Gama
Tenha descoberto o caminho marítimo para a India?
Se hoje são os nossos jovens
que tentam descobrir o caminho do seu futuro!

Que me importa que tivéssemos um Império,
E dado novos mundos ao mundo?
Se hoje não temos pátria, nem emprego, nem lar nem futuro!

Que me importa que digam que os cortes
dos salários, da saúde, da educação,
são para garantir o futuro do país,
se esbanjam em interesse próprio?
O nosso futuro é HOJE.
Temos de comer e não temos.
Queremos empregos e não temos.
Queremos um lar e perdemos o que tinhamos!

O que me importa…
O que realmente me importa é que recuperemos a dignidade
e o direito de sermos tratados como humanos
e cidadãos de pleno direito,
neste triangulo terrestre a que chamaram
jardim à beira mal plantado,
e que hoje não passa de um campo de flores murchas,
secas à mingua de esperança.

O que me importa é que haja vergonha
e responsabilidade, sem demagogia,
e que a política seja usada para bem da Nação
e não dos partidos e afins!

José Carlos Moutinho
29/11/14

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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