quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Silêncio do meu silêncio





No silêncio que me invade os sentidos
escuto o bater ritmado do meu coração
e o murmurar sereno da minha alma!

Lá fora, sopra melodiosa, uma brisa
que atrevida, entra pela janela aberta
do espaço aonde me encontro,
Consigo ouvir os sussurros
das folhas matizadas do Outono,
perfumadas pelas maresias
do mar escondido pelas falésias
da minha quietude…
Apuro os meus sentidos
e ouço nitidamente risos de ninfas,
correndo graciosas,
pelas areias douradas da praia,
cantando odes ao amor,
com vozes aveludados pelos deuses!

Silencio-me no silêncio
que silenciosamente
me acompanha,
sinto que não estou só,
pasmo ao ver minha mão
agitar-se num frenesim arrebatado,
tecendo  estas palavras
sobre o papel branco e inerte,
que em pétalas de poesia
agora, eu vos ofereço.

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Tardes frias





Nas tardes em que o frio é mais intenso

a melancolia penetra-me a alma,

leva-me p'lo caminho mais denso

onde nunca encontro minha calma.



Se as tardes se prolongam dolentes

fica meu coração entristecido,

só com o calor dos dias  mais quentes,

à exultação, eu me entrego rendido.



Ah…a Primavera vem chegando

alegre florida e perfumada,

com ela traz as aves cantando…



É o carrocel deste nosso tempo

com frio, calor, chuva e muito vento

companheiros da nossa jornada.



José Carlos Moutinho

Porque choras coração



Com o sibilar do vento
Cantam-me as saudades
Em melodia de lamento
Que enleia as verdades.

Quisera que a melancolia
Fosse palavra sem sentido,
Mas há muito eu sentia
Meu pobre coração ferido.

Refrão
Porque choras tu coração meu
Se a ti me entrego por inteiro
Será que eu não sou mais teu
Ou pensas tu, morrer solteiro

Do alto da falésia, olho cansado
O mar, que me chama em maresia
Porquê o meu coração está zangado
Pergunto ao mar quase em agonia.

O mar sereno me responde, sorrindo
Enganas-te ele é um grande fingidor
Diz-se cansado mas está mentindo
Sabe que és um eterno sofredor.

Refrão
Porque choras tu coração meu
Se a ti me entrego por inteiro
Será que eu não sou mais teu
Ou pensas tu, morrer solteiro

José Carlos Moutinho
“Reserv.direitos de autor”

domingo, 4 de janeiro de 2015

Não me interessa





Deixo-me levar nas asas dos sonhos
pelos rios serenos da imaginação
em caudais fulgurosos de encantamento.
Ignoro as margens secas das desesperanças
porque o amanhã é hoje, duro e cru,
recuso olhar os olhares tristes e vazios,
vazios de tudo o que eu possuo arrogantemente,
não lhes estendo a manta que me cobre do frio
porque eles têm uma pele
que os sustem em pé teimosamente!

Velejo na minha presunção
em canoa de vaidade e displicência,
não ouço os gritos de desespero
dos que mergulham definitivamente
no anseio de acabarem o sofrimento
que os prende a este miserável mundo!

Ignoro os corpos fenecidos pela fome
não me interessa que tremam congelados 
se eu me envolvo em roupas de marca.

Que desistam da vida,
que nascessem em berços de ouro, ora!

Não quero saber se os seus pés enegrecidos
se rasgam no chão acutilante
pela ausência de solas nos sapatos rotos,
O que me interessa é ter os meus pés
bem quentes e aconhegados confortavelmente!

Não me interessa nada do que vejo,
sinto ou cheiro em meu redor,
porque não quero ser envolvido
por toda esta podridão!

Não me interessa! não quero saber!
Eu sou um ser terrestre privilegiado,
que quando partir desta vida de loucos…
…serei igual ao mais pobre indigente,que ignorei,
com a minha abominável empáfia.

José Carlos Moutinho

domingo, 28 de dezembro de 2014

A chuva






    Ouço o tamborilar da chuva na janela da sala, onde estou sentado
Sinto uma súbita inquietude, que se faz ânsia do que desconheço.
Levanto-me vou à janela. Abro-a de par em par e olho as gotas que caem suavemente. Estendo uma mão que se encharca deliciada com a frescura da chuva, que chora em tom magoado.
    Sinto que me quer dizer algo, quiçá lamentar-se por chover e trazer-me nostalgia em vez da alegria que o sol me ofereceria se irradiasse pela janela aberta, os seus feixes de luz e calor. Murmuro para a chuva que não se apoquente e que chore suas lágrimas de pranto, porque este é o seu tempo, de tristeza e de invernia, mas também de reprodução vegetal, tão necessária à espécie humana.
    Fecho a janela e sorrio para as gotas que insistem em se aconchegar no chão verde de melancolia.
    Volto a sentar-me no sofá, situado em frente da lareira e deixo-me aquecer pelo calor dos meus pensamentos. Adormeço ao som relaxante
do crepitar do fogo, na lareira. Sonho que sou o Luar e que sob o meu manto azul de ilusão, consigo, no Novo Ano, mudar mentalidades e atitudes e que a paz será realidade, neste mundo agora desvairado.

José Carlos Moutinho
28/12/14

sábado, 27 de dezembro de 2014

Oh...meu mar





Mar que tanto  murmuras e nada dizes
fala-me dos teus segredos, sou teu amigo,
junto de ti lavo as tristezas curo cicatrizes,
tens em ti ilusões, que me fazem sentido
Navego pelo teu dorso no sopro da maresia,
invento brisas e arco-iris sobre as tuas águas,
penetro os raios diáfanos com minha ousadia
quero esquecer desilusões e afogar mágoas,
Mas se algum dia te zangares comigo, ó mar
lembra-te que foste sempre meu companheiro
que te confiei os segredos da minha melancolia
quando os dias me enchiam a alma de nevoeiro,
e me prostravam nas tuas falésias, em agonia.

Abraço tuas ondas num longo e terno abraço,
Que nossa amizade seja eterna pra lá do horizonte,
deste-me muito de ti, ó mar belo e desconhecido
quero continuar a beber sonhos na tua fonte
sempre que eu, sem palavras, me sinta perdido.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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