Deixo-me levar nas asas dos
sonhos
pelos rios serenos da
imaginação
em caudais fulgurosos de encantamento.
Ignoro as margens secas das
desesperanças
porque o amanhã é hoje, duro
e cru,
recuso olhar os olhares
tristes e vazios,
vazios de tudo o que eu
possuo arrogantemente,
não lhes estendo a manta que
me cobre do frio
porque eles têm uma pele
que os sustem em pé
teimosamente!
Velejo na minha presunção
em canoa de vaidade e
displicência,
não ouço os gritos de
desespero
dos que mergulham
definitivamente
no anseio de acabarem o
sofrimento
que os prende a este
miserável mundo!
Ignoro os corpos fenecidos
pela fome
não me interessa que tremam
congelados
se eu me envolvo em roupas
de marca.
Que desistam da vida,
que nascessem em berços de
ouro, ora!
Não quero saber se os seus
pés enegrecidos
se rasgam no chão acutilante
pela ausência de solas nos
sapatos rotos,
O que me interessa é ter os
meus pés
bem quentes e aconhegados
confortavelmente!
Não me interessa nada do que
vejo,
sinto ou cheiro em meu redor,
porque não quero ser
envolvido
por toda esta podridão!
Não me interessa! não quero
saber!
Eu sou um ser terrestre
privilegiado,
que quando partir desta vida
de loucos…
…serei igual ao mais pobre
indigente,que ignorei,
com a minha abominável empáfia.
José Carlos Moutinho
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