sábado, 7 de fevereiro de 2015

O mundo em desvario




Há murmurios e muitos queixumes,
Gritam dilacerantes, os ventos,
Há escombros e muros e tapumes
Ecoam pelos ares, os lamentos.

Mundo louco este, em total desvario,
Crianças nascem, morrem, sem viver,
Males que vêm do nada, do vazio
Sol apagado p’la dor de sofrer.

Barbárie que em nome de Deus, mata
nem o mais inocente humano escapa,
Ganância despudorada fatal…

Tornada importante fazendo o mal…
Perderam-se todos os valores
A vida é luta sem vencedores.

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Fogo que não se vê





Escuto no meu peito o crepitar
de um fogo, que não vejo mas arde,
lava que desliza e teima em queimar
não me permite sequer que a apague.

Será ilusão de algum pensamento,
ou quiçá a saudade que sufoca
querendo mostrar o seu lamento
com este vulcão que em mim coloca.

Só sei que o meu peito está dorido,
a razão ou razões eu desconheço
verdade é que não encontro motivo…

Só me resta aceitar este sofrer
que por alguma causa eu mereço,
talvez alguém me possa socorrer…

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

De Angola guardo em mim



Penso-me cidadão deste mundo
Viajado por remotos lugares,
Conheci de Angola, o mais profundo
Das savanas aos belos palmares.

Do encanto dos seus rios, ficou a imagem,
O pôr do sol colou em mim nostalgia,
A flora e a fauna são uma miragem
A terra vermelha não era utopia.

Tenho em minha memória, gravadas
As areias finas e brancas das praias,
As cores de acácias perfumadas
E o gosto delicioso das papaias.

As cubatas de adobe, tipicas,
Obras de arte singela de um povo
Labirintos de ilusões misticas
Contidas nos musseques num todo.

Embora fascinante este olhar
Era a pobreza na sua condição,
Cores vivas d’ áfrica em seu pulsar
Vermelho de sangue do duro chão.

Recordo das mulheres o  penteado
Artístico eterno, inalterável,
Aqueles cheiros p’lo ar perfumado
De terra molhada, inolvidavel.

Ah…como era tão doce a melodia
Do pregão das quitandeiras p’la rua,
Quitandas à cabeça, em correria
Calcorreando a cidade, vida crua.

Havia alegria, vivia-se cada dia,
Uns com mais, outros com muito menos
Tais diferenças em assimetria
Das sociedades em que vivemos.

Mas dentro de mim, só quero guardar
O que de bom Angola m’ofereceu,
O azul eterno do seu lindo mar
E as cores, os cheiros que Deus lhe deu.

José Carlos Moutinho
4/2/15

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

A poesia e o porta





Não é poeta quem quer, é poeta quem pode,
Bem escrever é arte a poucos legada,
A poesia não é escrita para pagode
É o canto da alma na prosa calada.

Há coisas sem nexo a que chamam poesia,
Escrever a esmo palavras airosas
Não faz um poema, mas sim uma heresia,
poesia é um jardim com perfume de rosas.

Enalteçam-se os verdadeiros poetas
Que nos encantam com a singeleza
brotada  genialidade da  sua alma…

Não procuram jamais atingir metas
A verdade neles é uma certeza
Lendo-os é emoção e prazer que acalma…

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

O tal poema





Gostaria de fazer das palavras
poema jamais escrito por alguém,
que soltasse as emoções caladas
mostrando toda a força que o amor tem.

Mas as palavras não me obedecem,
aquietam na falta de inspiração,
espero que um dia elas me abracem,
farei o poema mais belo com paixão.

Se eu fizer o que tanto desejo,
embora eu o diga em tom de gracejo,
serei o poeta mais feliz do mundo…

Tenho em mim sentimento profundo…
pela minha escrita e isso eu confirmo
p’las palavras que aqui vos exprimo.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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