domingo, 10 de maio de 2015

Ribatejo, minha canção





O Ribatejo é uma canção
com a poesia dos trigais,
da terra, o suor faz-se pão
desde tempos ancestrais.

Tens tradições mui nobres
e glórias de egrégia gente,
tens riqueza nos alfobres
e ouro da seara na semente.

Na lezíria cavalga o campino
com paixão pelos touros,
fez daquela vida seu destino
numa dura luta, sem louros.

Na praça, o toureiro arrisca a vida
na cara do valente e nobre touro,
vibra o povo com a faena assistida,
tradição amada como um tesouro.

Nas tuas veias ó meu Ribatejo,
nascidas em terras de Espanha,
correm serenas as águas do Tejo 
em longa viagem, enorme façanha.

Nas suas águas deslizam fragatas
tripuladas por experientes arrais,
há também o fascínio das regatas
nas margens a graça dos canaviais.

Esta é a minha canção do Ribatejo
feita de muitos acordes e melodias
é com muita paixão que eu te vejo
hoje, amanhã e em todos os dias.

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Sou folha caduca





Quando as águas que correm serenas
no rio da minha infância
deixarem de me sussurrar…
E as nuvens escurecerem
e o sol se entristecer
e as estrelas não cintilarem
e o luar se recusar a iluminar
e o mar se agitar intranquilo,
talvez estejam a despedir-se de mim…
E se as flores empalidecerem
e os pássaros silenciarem
e as gaivotas deixaram de voar
e as andorinhas não chegarem na Primavera
e o vento deixar de soprar
e os dias se tornem céleres
e as noites eternas,
talvez sintam saudade de mim…

Mas se nada acontecer
do que eu utopicamente desejava,
é por que na verdade
e admito humildemente
que fui brisa ou simples folha
das muitas folhas que por aí voam
insignificantes,
simples e caducas.

Se na minha viagem etérea
puder vislumbrar sorrindo,
todas as coisas materiais
a que antes eu dava valor
e não sentir pena ou falta,
é por que estou realizado na minha essência
pelo que fiz na minha caminhada terrena
e feliz na minha derradeira e eterna viagem.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Maio





Sorri Maio, sorri com o sorriso das pétalas
das tuas flores que nos emudecem
e nos deixam fascinados...
Oferece-nos o delicado perfume
que só tu tens, Maio...
Faz da tua Primavera o renascer
da vida em cada dia,
solta-nos o pólen da alegria
e leva-nos nas asas dos sonhos
pelas folhas verdes da esperança...
Permite-nos caminhar
por entre a felicidade colorida
das margens dos teus jardins!

Tu, Maio, mês da religiosidade
e da fé em Maria,
maduro Maio do Zeca,
que acolhes em ti
carinhosamente o dia da Mãe,
e onde em cada flor
da tua primaveril estação,
mostras a tua beleza
no vermelho das papoilas esvoaçantes,
e também através dos raios solares
cintilantes de jubiloso calor
que no pulsar das nossas veias,
nos faz acreditar
que tu, Maio és o melhor
e desejar que tu permaneças
entre nós eternamente. 

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Mundo de vergonha!





Que mundo é este em que eu vivo
aonde a vida humana não faz mais sentido
que metamorfose está a acontecer
para que haja tanta gente a morrer?
Gente que foge da sua pátria e da morte
para virem perecer longe, ingloriamente,
Que mundo é este de tantas vaidades
que despreza a infelicidade de muitos…
Falam em economia, democracia, liberdade
e são o oposto de toda essa lengalenga falsa!

Que mundo este, Deus, que não Te compadece
ou Achas que esse povo tem o que merece?
Não! Não merecem certamente,
por procurarem o modo de sobrevivência
que lhes é negado nas suas pátrias.
Pátrias de tristeza, discriminação e crenças
que os leva à mais miserável e indigna
condição infra-humana!
Porquê Deus, permites que crianças
tão pequenas, sejam engolidas pelas águas
que as traria à presumida salvação?
E porquê os homens vestidos de nojenta política
nada fazem para solucionar o problema?
Será talvez por que esses desgraçados nada têm,
além da vontade indómita de paz, liberdade e pão!

União Europeia…
União de quê?
de uma cambada de milhares de inúteis
sentados luxuosamente num parlamento que de nada serve!
Tenham vergonha, políticos deste mundo desgarrado
concretamente os desta Europa vazia,
já que pela proximidade com os países
daqueles infelizes têm obrigação de resolver.

Haja vergonha e acabem com este genocídio!

José Carlos Moutinho
22/4/15

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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