quinta-feira, 20 de outubro de 2016

O Pardal






O Pardal

     Era um pardal sem pedigree que, teimosamente esvoaçava entre os seus pares, que, vestidos com as cores dos mais belos rouxinóis o desprezavam. Mas o pardal temerário voava sem parar, cada vez mais, em voos ainda mais altos.
Um dia, todas as doutas aves se reuniram num congresso de diversas cores e raças e, condescendentes chamaram o pardal, dizendo-lhe:
--  Ouve lá ó pardal, foste insistente numa teimosia e persistência invejáveis com esse teu obstinado voar, por isso, analisámos os percursos dos teus voos e decidimos considerar-te um dos nossos.
E todas as coloridas e ilustres figuras aladas, ovacionaram o desengonçado, mas corajoso pardal.
E foi assim que o pardal feio, de asas cinzentas, foi admitido na corte dos privilegiados vertebrados endotérmicos voando alegremente em grupos fraternos, em chilreados de humildade e amizade.

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Sonhar sonetos





Nos momentos de quietude, eu sou
a brisa, que passa silenciosa
nos braços da alegria a que me dou,
sinto o doce néctar de uma rosa!

Serão divagações as que eu digo,
mas imaginar nunca fez mal,
assim o que escrevo faz sentido
basta pois, que entendam como tal!

Com as palavras gosto brincar
fazendo poesia a rimar
com metáforas a preceito

Ai se eu fosse Antero ou até Camões
faria sonetos, teria menções
neste sonhar, onde eu me deito!

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Levou-os o vento





Não, já não sei mais fazer poemas

deixei que o vento levasse os versos,

ficaram em mim alguns dilemas

se devo ir por caminhos diversos!



Vejo em meu redor tantos poetas

plantadores de utópicos jardins,

imaginantes de muitas tretas

jardineiros de secos alecrins!



Deixarei correr este meu tempo

em metáfora do sentimento

na ânsia de que voltem os versos…



Quando voltarem na asa do vento

os que ele levou em certo momento,

deles farei poemas dispersos…



José Carlos Moutinho

Não tenhas medo


Não tenhas receio das tempestades
nem tampouco do sopro da ventania
deves ter medo sim, das maldades
e da brisa que falsamente te acaricia 


Conheces bem a verdade do vento
mas desconheces a mentira da caricia
por essa razão deves ficar bem atento
para evitares toda e qualquer malícia


José Carlos Moutinho

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Há tanto mar





Há tanto mar em tão pouca vida
tanto viver em pouco navegar,
nos remos da maresia sentida
viajam anseios p’ra lá chegar,

Há inquietude constante ao viajar
no sopro do vento em desassossego,
que só acalma com o sol a brilhar
e clareia os suspiros do medo!

São caudalosos os afluentes
que correm loucos e descontentes
buscando a foz das águas vividas,

Outras vezes, correm tão serenos,
beijam as margens dos dias amenos
lavam a dor das mágoas sentidas!

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Sou marinheiro





Sou marinheiro do mar da vida
capitão do navio onde me navego,
já fui timoneiro em maré atrevida,
hoje sou a memória que carrego!

Galguei ondas venci muitas tempestades,
agora o meu mar é a minha acalmia,
faço das minhas águas, amizades
com maresias escrevo poesia!

E quando o vendaval me fustiga
planto brisa em poemas silenciosos
do sol faço rimas de dias radiosos…

Se o tempo, as saudades não mitiga
penso-me marinheiro novamente
e fundeio a nostalgia calmamente…

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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