sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Perdeu-se



Deve ter-se perdido,
sim, certamente perdeu-se
a mensagem feita de palavras
vestidas de murmúrios e suspiros,
deve estar recolhida nos braços do vento
a quem eu incumbi de levar aquela mensagem,
que ela não recebeu,
por isso não me respondeu!

Aquela mensagem era a ilusão
que eu construíra
com palavras coloridas de fantasias
e iluminadas pelo sol da minha emoção!

Em cada letra havia um sorriso,
em cada palavra um sentimento
que faziam daquela mensagem um mundo,
utópico, quiçá,
onde só cabíamos os dois
e toda a felicidade que eu inventara!

Mas a mensagem não lhe chegou,
perdeu-se por negligência do vento,
que nem sequer a trouxe de volta,
nem tampouco se desculpou
do mal que me causou!

Perdeu-se a mensagem,
eu perdi uma resposta,
que jamais ficarei a saber se viria

José Carlos Moutinho

terça-feira, 10 de outubro de 2017

Assim, de repente


...
Aqui neste silêncio que me rodeia,
escuto meu coração bater,
parece murmurar
e querer dizer-me algo...
Então na impaciência que me toma
por não o entender,
deixo-me levar por inesperado ímpeto
e escrevo palavras, que se soltam
como folhas secas que esvoaçam
em tardes outonais...
talvez até sejam palavras perdidas
sem a assertividade que eu desejaria,
mas não mais as controlo
desde que as libertei de mim,
são elas que agora, me dominam
e se apresentam atrevidas e rebeldes...
resta-me somente
deixar-me levar neste rio de imaginação
até encontrar a foz de quem me lê

José Carlos Moutinho

Jogar com as palavras



...
Há na vida tantos vícios
alguns deles bem escusados,
há outros feitos de artifícios
há também os que são ignorados...
Pensando assim eu tenho o meu
que me faz escrever em desatino,
não será certamente igual ao teu
eu não sou culpado é meu destino...
Escrevo compulsivamente deste jeito,
invento amores, tristezas,sei lá que mais,
pensarão até que terei algum defeito
quem assim pensa terá o vício dos tais

José Carlos Moutinho

domingo, 8 de outubro de 2017

Um dia voltei




Um dia voltei à casa
onde eu havia guardado os meus sonhos!

Abri gavetas, só encontrei pó,
pensei ser o pó dos meus sonhos perdidos
no tempo da minha ausência,
olhei serenamente tudo em meu redor
e encontrei tanto de mim
reflectido nas paredes amarelecidas
pelas horas cansadas de sua viagem!

Pelos caminhos encontrei momentos vividos,
senti as gargalhadas dos amigos
no muro da curva do atalho!

Ainda lá estava a imagem dela,
onde o nosso abraço apaixonado
se fossilizou naquelas pedras,
mais à frente no fim do atalho,
sob a mulembeira,
vi, como se tivesse acontecido naquele momento,
a imagem estampada, perene, no tronco,
dos nossos juvenis rostos colados
pelo nosso primeiro e delicioso beijo!

Um dia voltei à casa dos meus sonhos
e revivi com felicidade, sofri com saudade
todos os momentos
que eu havia guardado
bem aconchegados dentro do meu peito

José Carlos Moutinho


sábado, 7 de outubro de 2017

Porque?!

...
Porque me choram os dias
quando a saudade se aproxima,
porque nasce em mim um profunda nostalgia
quando me deixo levar pelas recordações,
porque se me aperta o peito
quando olho imagens dos tempos
que se perderam no tempo...

Não sei responder a estas perguntas,
que nem sequer são perguntas
mas simples constatações...
e certamente alguém haverá, que comigo
sentirá estas dores melancólicas,
que só o tempo poderá apagar,
quando esse tempo
se tornar, para nós, finito!


José Carlos Moutinho

Neste instante

...
Neste instante em que os segundos urgem,
desavindos com o tempo,
eu, com o tempo que me é permitido,
olho na lonjura do meu tempo vivido,
e penso-me serenamente,
passageiro de uma viagem, iniciada há algum tempo,
onde tive a sorte de desfrutar
o que a vida, com o seu respeitoso tempo,
me tem oferecido...
até que um dia, esta minha feliz viagem
termine, quiçá, calmamente

José Carlos Moutinho

O amor é

Saudades, Mãe

Escrevo sonetos




Talvez eu nem saiba escrever sonetos,
nem sequer poemas, possa inventar,
mas em mim existe um mundo de afectos
que me ensina a maneira de poetar

Assim, persistente vou praticando
compondo duas quadras e dois tercetos,
com vontade o caminho vou encontrando
p’ra realizar meu sonho de sonetos

Quem os ler dirá que não são perfeitos,
eu aceitarei com total humildade,
mas tentei escrevê-los bem, sem defeitos...

Se eu fosse poeta, fácil seria,
sou porém, simples escrevinhador
e se insisto, é por pura teimosia...

José Carlos Moutinho

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Foi...será


Foi areia singela em longa praia,
onda tímida perante a tempestade,

foi canoa oscilante no agitado mar
e emoção no perfume da maresia,

foi palavra silenciosa no alvo papel
sonhador em viagem de quimeras,
 
foi criança sem privilégios,
adolescente inquieto mas consciente,
temerário na luta pela sobrevivência
homem de realizações...

Será o que o futuro lhe reservar!

José Carlos Moutinho

Sons do silêncio


Ecoam na minha alma,
Embalam-me numa suave levitação,
Fazem-me sobrevoar espaços inventados,
Caminhos de sonhos que eu abraço.
Espelho-me nas águas,
Do rio viajado na minha memória.
Revejo as noites de luar,
De encantamento romântico.
As areias daquelas praias, vividas
Em momentos de paixão.
Dores esquecidas,
Amores conquistados,
Saudades nostálgicas,
Delicadas no sentir.
É com os sons do silêncio,
Que me esqueço do que me rodeia,
E simplesmente me deixo levar,
Pelo inimaginável
E perco-me totalmente,
Quando os sons deixam de ter silêncio.


quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Recordações

Estes seus dias
que se vão tornando fugidios,
oferecem-lhe recordações
de outros dias já quase esquecidos,
trazendo-lhe à mente
imagens dos Verões coloridos de ilusões
que o tempo descoloriu...
Abraça serenamente estas lembranças
que lhe sorriem,
e na solidariedade do tempo,
espera a chegada de novos Verões,
certamente menos coloridos pelas ilusões,
mas repletos de esperanças,
e satisfação pela vida plena de alegrias
com que foi contemplado


José Carlos Moutinho

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Pensando


Há dentro de mim um grito de inconformismo pronto a soltar-se ao ouvir ou ler aberrações por gente dita intelectual, mas que na verdade são absolutos ignorantes!
Então, quando isso acontece, ferve no meu peito uma revolta,
que, embora pacifista na maneira de actuar, não consegue calar as palavras...
Palavras, que, eventualmente poderão ser educativas, se essas tais pessoas, que usando o absurdo, disseram barbaridades e não aceitaram democraticamente a discussão
para se encontrar o ponto de consenso ou, pelo menos de racionalidade.
Sinceramente estes casos não me afectam emocionalmente, porque me sinto superior a isso, e a imbecilidade esbarra na minha indiferença , mas irrita-me pela incoerência e falta de inteligência democrática, que tanto apregoam.


José Carlos Moutinho

Só o poeta



Quando a poesia se veste de sorrisos,
e o poema se faz com asas de palavras,
conseguem levar ao mundo
fantasias coloridas e alegres,
pintando pelos céus da imaginação
histórias de vida...
que poderão até, ser de tristeza e desilusão, umas,
de paixão, alegria e amor, outras,
porque a poesia permite ao poeta
usá-la a seu bel-prazer,
mesmo que choque quem a lê,
e até nem concorde e a ache imperfeita,
tudo isso fica a critério do leitor,
porque o seu autor escreveu-a,
sorrindo, ou sentindo tristeza na alma,
só ele, poeta, pode fazê-lo
porque foi ele que lhe deu o sorriso e as asas
ao poema e consequentemente à poesia

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Ah...poeta


Ah...poeta das palavras, vagabundo,
que deixas o teu coração vadio
vaguear por este infinito mundo...
sentes-te, porém, tão só, triste e vazio,
embora tenhas na alma um sentir profundo
ancoras-te nas margens caladas do teu rio

José Carlos Moutinho

Que esperas?

Que esperas de mim
se não me franqueias as portas da tua vida?

Podes até abrir as janelas,
mas eu não voo,
não tenho asas nem garras de gavião!

Se me sorrires,
ainda que mantenhas as portas fechadas,
eu sorrirei para ti
e abrirei as janelas do meu coração,
porque essas, estão sempre abertas
ninguém precisa de asas!

Basta um sorriso espontâneo,
fundamentalmente sincero,
e entrarás na minha vida
pela porta principal,
que sempre esteve e estará aberta
aos caminhantes da verdade!

Se não trouxeres, porém, a alma imbuída de sinceridade,
peço que te afastes da minha porta,
pois ela não está habituada a sombras negras,
sempre esteve iluminada pelo sol da vida

José Carlos Moutinho

terça-feira, 26 de setembro de 2017

Eu vou contigo

Eu vou contigo




Meu velho amigo, das terras sem fim
se um dia lá voltares,
eu vou contigo…

Quero voltar a escutar
o som melancólico do batuque,
deixar o meu olhar perder-se na lonjura
do tempo que me sorriu,
e sentir o perfume da terra tropical!

Quando fores, amigo
eu vou contigo…

Quero voltar a mergulhar e pescar
nas águas profundas da ponta da Ilha,
quero retornar ao Mussulo
e aspirar maresia com aroma de coco,
quero, amigo,
despertar com o sol matizado do alvorecer
e adormecer quando o entardecer se despedir
abraçado ao esplendor do pôr-do-sol!

Não te esqueças, amigo, se fores
eu vou contigo…

Quero voltar a pisar o chão
dos caminhos que me acolheram na juventude,
quero sentir todos os perfumes
daquela terra de feitiços,
quero pensar as histórias da minha vida
à sombra daquela velha mulembeira,
e sorrir às múcuas
suspensas dos braços despidos dos imbondeiros,
quero voltar a saborear
maboque, loengo, pitanga, mamão, manga
e tantos outros de indescritível prazer!

Então, amigo, até à nossa partida,
sabes que eu irei contigo…

Se não fores, meu velho amigo,
irei eu, 
levarei como bagagem
a alma cheia de saudade
e o coração a palpitar de ansiedade

José Carlos Moutinho


Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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