quinta-feira, 18 de outubro de 2018






Tu, poeta

Tu que te dizes poeta
que te pensas erudito
e te endeusas,
diz-me como se escreve simplicidade
nas palavras que eu não conheço,
desejo aprender do tanto que não sei
e do muito que desconheço...

Não me atrevo a insinuar-me
perante a grandiosidade semântica do poema
porque me sei atento aprendiz
das coisas simples dos temas,
mas assertivas na concordância rítmica
da construção verbal.…

Se puderes poeta,
desce do teu pedestal
e, como comum mortal
entende que o sentimento é intrínseco
a todo o ser que se atreve
a fazer das palavras, poesia
que seja entendida como tal
e não uma total aberração
de conteúdos imprecisos e impenetráveis,
de desavinda ortografia
ou desaire gramatical,
onde atrevidas e desconexas metáforas espreitam
sem nada dizerem, além de confundirem…

A ti, poeta,
presto a minha singela homenagem,
admiro-te pelo teu dom
que em ti e em poucos é essência,
gostaria de ter a tua genialidade
e capacidade de colorir palavras,
como não tenho…poeta,
vou inventando tecidos de cores improváveis
e assim serenamente vou criando um colorido tule
com que carinhosamente
cubro a simplicidade dos meus versos

José Carlos Moutinho
18/10/18

Decreto-Lei, nº 63/85
dos direitos do autor

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Esqueceste o que não devias



Quero dizer-te uma coisa ao ouvido,
chega-te perto de mim
porque ninguém deverá ouvir,
não por mim, mas sim por ti
poderás ficar envergonhado(a)...

Lembras-te de quando precisaste de mim?
Talvez te tenhas esquecido
porque o tempo da ingratidão
tem um defeito miserável
de levar o reconhecimento nas costas do vento
e trazer tempestades de hipocrisia na barriga!

Por isso te quis falar ao ouvido,
bem sei que perdeste a vergonha
se é que realmente a tinhas,
mas, pela minha dignidade
preferi lembrar-te do que te esqueceste
sem fazer alarde, evitando que outros ouvissem...

Se calhar nem te importavas
que isso acontecesse,
talvez tenhas esquecido, também,
o que outros como eu te fizeram algum dia,
sabes o que agora me permito dizer-te:
lamento-te, és um(a) triste,
tenho pena de ti...

José Carlos Moutinho
17/10/18

domingo, 14 de outubro de 2018

Entre os braços da mãe e o solo


...
Porque me devo preocupar
com as folhas que no seu voar
açoitam o meu rosto
se elas somente desejam transmitir-me
que já tiveram vida
e que na sua curta e derradeira viagem
entre os braços de sua mãe e o solo
pretendem dizer-me adeus
ao roçarem pelo meu rosto
com a suavidade
que eu pensava ser agressiva?

José Carlos Moutinho
14/10/18

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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