segunda-feira, 22 de julho de 2019

A revolta

Um dia, quem sabe,
e antes que a finitude me chame,
eu consiga arranjar aquela cunha
que me torne conhecido
no meio em que tento envolver-me,
há já uns bons anos,
numa luta árdua e constante,

sei que na TV não vou conseguir emprego
pois existe uma selecção muito elitista,
muito menos na rádio,
porque a minha voz é inadequada,
nos jornais creio, também, ser complicado
não serei um grande criador de acontecimentos,

então, acredito que só a tal cunha
ou aquela mãozinha milagrosa
me possa empurrar para a ribalta
do teatro dos sortudos,
projectando o meu trabalho
um nadinha mais longe,

um dia, certamente,
partirei deste meu tempo que vai escasseando,
desiludido com este mundo literário,
por não ter chegado pertinho
da meta dos meus anseios,

claro que sei tantos outros
sentem a mesma displicência
porque somos considerados menores
ou coisa nenhuma,

mas cada um que lute como puder
eu, assumo que luto tenazmente,
porque, talvez, com um pouquinho de presunção,
admito que eu não escreva mal
e que merecia um lugar ao sol,

alguns há, que, sei lá, por sorte, estão ao sol
e certamente estariam melhor na sombra,
digo eu, que sou menor
e sem o brilho dos conhecidos,

não, não sou um coitadinho,
nem uma vítima a lamentar-se,
sou a revolta contra a desigualdade
de oportunidades que existe neste
país de brandos costumes,
em que só alguns comem tudo
e outros não comem nada…

José Carlos Moutinho
22/7/19
 
Ao abrigo do Decreto-lei nº 63/85
dos direitos de autor

Eu, no "Mar de Letras" RTP África

Quem quiser conhecer-me um pouquinho, mostro-me como sou, na entrevista que dei no programa "Mar de Letras" da RTP-África

domingo, 21 de julho de 2019

Calo o vento

...
Calo o vento que por mim passa
para lhe dizer que estou aqui,
mas o vento simplesmente me abraça,
e fui eu que calei tudo o que senti

José Carlos Moutinho
21/7/19

sábado, 20 de julho de 2019

Todos os meus livros


Cada livro meu tornado público, leva um pouco de mim e principalmente carrega o meu sentir que desejo seja captado por quem o lê. Há em cada um, uma emoção diferente no momento em que ele se solta da minha paixão para as mãos dos leitores.

Um outro tempo

Era um tempo de novidade, talvez,
a actual anarquia de editoras inexistia,
temas eram seleccionados com sensatez,
mas o presente enlouqueceu a poesia,

era um tempo de curiosidade e abraços,
e as amizades até podiam acontecer,
hoje, com tantos livros e leitores escassos,
certamente todos nós ficámos a perder,

nesta grande confusão, até inimizades
nasceram, sei lá, dos berços da inveja
que castrou algumas velhas afinidades,
resta-me pedir a Deus que os proteja,

porque é a última a morrer, esperança
que ainda tenho para ver tudo acertado,
é sabido, da tempestade vem a bonança
para se poder navegar em mar sossegado!

José Carlos Moutinho
20/7/19

sexta-feira, 19 de julho de 2019

Ai, como eu quisera (Áudio)


Ai, como eu quisera



Quisera eu transformar palavras em abraços
e de tempestades em suaves brisas,

quisera eu calar vozes agressivas
e torná-las silêncios harmoniosos,
converter em oásis de amizade
desertos de hipocrisia,

quisera eu acalmar inquietudes
no perfume da maresia,
e agitadas noites de revolta
em alvoradas de serenidade,

quisera eu moldar o gume
da provocação
em perfumada pétala,

quisera eu...
ai, como eu quisera...
modificar o mundo
e inventar humanidade
nos seres humanos

José Carlos Moutinho
19/7/19

Ao abrigo do Decreto-lei nº 63/85
dos direitos de autor

quinta-feira, 18 de julho de 2019

A FORÇA DE AMAR

A FORÇA DE AMAR
vai seguindo a sua caminhada serenamente, mesmo sem livrarias, nem feiras, graças aos meus "velhos amigos" leitores. Bem Hajam, a minha gratidão!
Segunda edição.

Ai, se eu voasse (Áudio)


Ai, se eu voasse

...
Ai se eu voasse nas asas da eternidade,
seria, talvez, tão diferente
o meu respirar o tempo de agora,
mas como é pura fantasia este imaginar
levo-me satisfeito e animado
pelo caminho que me foi proposto
no dia em que a luz do tempo
me recebeu sorrindo
ao meu choro de chegada

José Carlos Moutinho
18/7/19

quarta-feira, 17 de julho de 2019

Coisas



Gostaria de pintar o céu
de verde ou de alguma outra cor,
depois, cobria-o com um lindo véu
para nos encantar como a mais bela flor


São pensamentos imbuídos de utopia
que de tão improváveis são patéticos,
mas como tudo é permitido em poesia
talvez só não agrade a alguns cépticos


Fui que me lembrei de escrever isto
e fi-lo, calmamente, com alguma graça,
brinco com as palavras de imprevisto,
e decidi fazer deste poema uma chalaça


Poderá até escandalizar os puristas
de que a poesia é uma coisa muito séria
pode ser tudo o que quiserem os artistas
que fazem das palavras suas matérias


José Carlos Moutinho
17/7/19

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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