Desassossego-me na escuridão dos meus medos,
Aperta-se-me o peito na ansiedade do nada,
Pensamentos que se endurecem como rochedos,
As noites carregam lembranças da amada,
Dos carinhos passados, sussurrados em segredos
E das mágoas que renasciam pela alvorada.
E os gritos soltos nas dores do entardecer,
Recordam momentos de tortura e desencanto
Que se agitavam nos desencontros do querer
E onde devia sorrir o amor, acontecia o pranto,
As emoções turvavam-se a cada amanhecer,
A paixão e o amor perderam o seu encanto.
Perdem-se nas trevas do discernimento,
A beleza de um viver pleno de alegria,
Prefere-se o abraço duro do sofrimento,
À razão afagada na doçura da acalmia,
Desatinos da humanidade inconsequente,
Que seria mais feliz, na ilusão da utopia.
José Carlos Moutinho
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