O fogo crepita, imagem
terrível de paradoxal beleza,
Corre gente aos gritos, sem
destino, alucinadas!
Sopradas pelo vento, as
chamas tornam-se fortaleza,
Viaturas tanques dos
bombeiros, acorrem apressadas.
O verde da vegetação
torna-se negro como a morte!
Onde antes existia o encanto
das flores silvestres,
Agora são troncos e ramos
calcinados de cheiro forte,
É a devastação total, daquelas
imagens campestres.
Rolam pedras enegrecidas,
pelas escarpas serranas,
Desapoiadas da vegetação e árvores
que as sustentavam,
É o destruir do trabalho de
anos, daquelas mãos humanas,
Cujas vidas já difíceis
pelos tempos, tanto labutaram.
Casas, suor de uma vida de
trabalho, queimadas,
Culturas dizimadas pela
passagem apocalíptica,
Animais e culturas, vidas e
emoções dizimadas,
Almas em desespero, ante
situação tão critica.
Finalmente apagou-se aquele
fogo, terrível e devastador!
Agora, olhar aquela paisagem
é ter a dor no coração,
É ser-se impotente, perante
a ação de algum agitador,
Causador de tanto
sofrimento, por tão assassina ação.
E assim deixo aqui, expressa
à minha maneira,
O que me vai na alma, em
relação a esta calamidade!
Todo aquele que incendeia
devia cair na sua fogueira
E ter assim consumada a sua
a pena, por tanta maldade.
José Carlos Moutinho
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