quarta-feira, 4 de junho de 2014

Chovia na noite fria





Chovia naquela noite fria,
o vento soprava erm desespero,
uivavam lá longe os cães esfomeados
e lá fora, choravam almas desabrigadas
que se aconchegavam precariamente
em cartões de caixas rasgadas pelo tempo
que se faziam leitos
de angústias e traumas empedernidos
pela indiferença dos casacos de peles
e dos sapatos de luxo, que soavam
compassadamente nas pedras da calçada!

E as estrelas que se apagaram,
sequer se compadeciam com a escuridão
que se alojara nos corações sofridos;
Dos olhos daqueles infelizes
deslizavam gotas de chuva
misturadas com as lágrimas de dor!

E a chuva caía, impiedosa,
cada vez mais fria,
tornando o respirar sufocado
no torpor da fome congelada
daqueles que se calavam
na dor que lhes matara as palavras!

Injusto mundo de desacertos e contradições
onde uns têm tudo e não dão valor,
e outros têm nada, além da riqueza
do teto de um viaduto
que lhes permite manter o corpo enxuto
da chuva que lhes fustiga  a alma!

Ah…Mundo cão tão duro e insensivel
poque permites que hajam diferenças
de tantos que sofrem e mendigam
o pão que engane os estômagos,
e outros que esbanjam escandalosamente
nas marisqueiras da vaidade.

José Carlos Moutinho

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Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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