Na quietude da minha solidão,
deixo-me levar pelas
divagações do meu pensar!
Olho fascinado, as minhas
mãos,
vejo sulcos do tempo,
lavrados por instantes
consumidos
pela voracidade das horas,
que fez das minhas mãos
cansadas,
obras de uma arte sofrida!
Por entre os dedos,
pequeníssimos atalhos
como afluentes digitais
de sinais que definem as
marcas
do destino, da minha
essência!
Admiro a geometria de cada
mão,
penso na natureza que me
gerou ser,
fez duas mãos distintas nos
seus traços,
em cada mão, talvez,
um destino diverso,
parecem semelhantes,
mas fixando meu olhar
atentamente,
descubro rios de criteriosos
efeitos
como capilares sensitivos!
Com as minhas duas mãos
abertas,
sorrio-me feliz
pela alegria de poder contemplar
as minhas armas de luta,
meus instrumentos na criação
da minha poesia,
minhas suaves pétalas de
carícias
que perfumam o papel do
jardim branco,
onde planto as flores da
minha escrita!
As minhas mãos
são parte importante
da minha grandeza!
José Carlos Moutinho
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