domingo, 5 de abril de 2015

Eu e o meu pensamento



Só por que me apetece
escrevo palavras desconexas
neste papel branco inerte,
pouco interessa se são coisas banais
o que o meu pensamento inventa!
Alheio-me ao que pensam e dizem
por que sou dono do meu pensamento,
ou quiçá, o pensamento me domina,
faço das palavras o que eu bem quiser!
Critiquem, riam-se, desvalorizem
isso pouco me afecta
por que as palavras são minhas,
meu pensamento só a mim obedece
e ele, a vós ignora-vos na vossa vontade
de entrarem no seu domínio
que somente a ele pertence!
O meu pensamento é rei,
dominador da imaginação,
criador de utopias
ou de ridículas quimeras…
Pode inventar mar em pleno deserto
dar vida à folha seca
imaginar flores em arco-íris,
se desejar, será brisa que tudo arrasta,
ou tempestade de acalmia!

O meu pensamento é sereno,
por vezes louco, outras vezes apaixonado
e tantas vezes irritado!
Sim…Irritado com o que sente à sua volta
e eu…pobre de mim,
escusa-me a força para o acalmar
e tenho de o seguir pelos ventos da tristeza
arrastando-me pelos céus da revolta,
e grita…grita como possesso
que se quer libertar…
diz-se saturado de tudo,
não suporta mais tanta injustiça…

E olha-me provocante,
que não quer mais, estar em mim!
Assusto-me…
Mais que assustado, estou apavorado
que farei eu, sem o meu pensamento!?
Suplico-lhe que não saia de mim,
entramos em conflito, discutimos…
lentamente acalmo-o, continuaremos juntos,
ainda que entremos em controversos desvarios,
quero-o sempre comigo!

Jamais poderei viver sem a inquietude
do meu pensamento, essência de mim.

José Carlos Moutinho

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Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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