Apetece-me rasgar as folhas
que se interpõem no meu
caminho
e ofuscam a visão do meu
horizonte!
Apetece-me secar as gotas da
chuva
que me molham os pensamentos!
Ah…Como me sinto em desvario
neste desassossego de vida
vazia,
onde o sol se apagou,
as alvoradas se recusam
a renascer em cada novo dia,
e o gorjeio das aves se
calou,
e as pétalas das flores se
reclusam!
Quero soltar o grito
estrangulado
que me comprime o peito
cansado,
sentir o ardor de nova
paixão,
nos poros fechados pela
desilusão!
Desejo divagar por vales de
esperança,
onde os campos floresçam de
ilusões,
aninhar-me em trigais de
temperança,
sonhar novos anseios em
ternas emoções!
E é no mar, do meu silêncio
e acalmia
que desabafo as dores da
minha solidão,
com murmúrios abafados pela
agitação
das ondas, que me perfumam
com maresia,
na caricia da brisa, que me
acaricia a alma,
encontro a serenidade que se
fazia arredia
do meu agitado coração, que
agora acalma.
José Carlos Moutinho
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