quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Recordo-te, amigo...




Que caminhos trilhas tu, amigo
que ventos te sopram sem parar,
por que te apoquenta o sol,
qual a razão pró luar já não te acalmar
e te deixar assim tão perdido?

Amigo, escuta-me e fala comigo…
Ou será que já não és meu amigo
e caíste na fossa da maledicência?

Lembras-te daqueles tempos
em que nos fins de tarde,
nos juntávamos com outros amigos
e conversávamos descontraídos
numa fantástica harmonia…
Falávamos de tudo e de nada,
não interessava o assunto,
o que contava era o convívio,
onde, da amizade
brotavam palavras de respeito,
mesmo que os assuntos fossem divergentes!

Recordas-te, quando eu não concordava contigo
e tantas vezes isso acontecia,
e discutíamos…
Discutíamos acaloradamente
quase nos zangávamos!
Mas no final…
No final, cada um caminhava para o seu destino,
após algumas discórdias mais exaltadas
ou conversas amenas,
onde imperavam os sorrisos parceiros
ou de boas gargalhadas pelas palhaçadas
dos muitos e brejeiros disparates que dizíamos…
Será amigo, que ainda te lembras,
que sempre nos despedíamos com um abraço?

E agora amigo, o que se passa?
Já não te vejo sorrir, muito menos gargalhar,
quando por mim passas, finges não me ver…
Perguntei-te se eu dissera algo que te fizesse zangar,
respondeste com ar culposo, que não…
que estava tudo bem…
Mas eu sei que não está!
E sabes, amigo…
(se calhar não te posso mais chamar assim)
eu desconfio de que te nasceu no coração,
erva daninha da intriga,
daquelas ocultas e cobardes da traição,
vindas de outros supostos amigos
que se juntavam a nós, (como joio entre o trigo)
na mesma alegria e partilha
naqueles nossos encontros antigos!

Ouve-me com atenção, amigo...
…Ah…desculpa, agora creio, já não seres amigo,
Chamar-te-ei de ex-amigo,
Não!
Vou chamar-te com alguma tristeza, admito:
Um Fraco!
Sim…és um fraco, de carácter volátil
Por que não me quiseste ouvir
e preferiste escutar as vozes da hipocrisia!

Tenho pena de ti, lastimo, ex-amigo,
que tenhas sido levado na corrente da tua fraqueza
e te tenhas afundado nas águas falsas dos sorrisos
e ignorasses nossos abraços, que pareciam ter a certeza
de que a nossa amizade podia ter a força da eternidade
pelo prazer dos “fins de tarde”, se optasses pela verdade.

José Carlos Moutinho

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Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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