Que caminhos
trilhas tu, amigo
que ventos te
sopram sem parar,
por que te
apoquenta o sol,
qual a razão
pró luar já não te acalmar
e te deixar
assim tão perdido?
Amigo,
escuta-me e fala comigo…
Ou será que já
não és meu amigo
e caíste na
fossa da maledicência?
Lembras-te
daqueles tempos
em que nos
fins de tarde,
nos juntávamos
com outros amigos
e
conversávamos descontraídos
numa
fantástica harmonia…
Falávamos de
tudo e de nada,
não
interessava o assunto,
o que contava
era o convívio,
onde, da amizade
brotavam
palavras de respeito,
mesmo que os
assuntos fossem divergentes!
Recordas-te,
quando eu não concordava contigo
e tantas vezes
isso acontecia,
e discutíamos…
Discutíamos
acaloradamente
quase nos
zangávamos!
Mas no final…
No final, cada
um caminhava para o seu destino,
após algumas discórdias
mais exaltadas
ou conversas
amenas,
onde imperavam
os sorrisos parceiros
ou de boas
gargalhadas pelas palhaçadas
dos muitos e
brejeiros disparates que dizíamos…
Será amigo,
que ainda te lembras,
que sempre nos
despedíamos com um abraço?
E agora amigo,
o que se passa?
Já não te vejo
sorrir, muito menos gargalhar,
quando por mim
passas, finges não me ver…
Perguntei-te
se eu dissera algo que te fizesse zangar,
respondeste com
ar culposo, que não…
que estava
tudo bem…
Mas eu sei que
não está!
E sabes,
amigo…
(se calhar não
te posso mais chamar assim)
eu desconfio de
que te nasceu no coração,
erva daninha
da intriga,
daquelas
ocultas e cobardes da traição,
vindas de
outros supostos amigos
que se
juntavam a nós, (como joio entre o trigo)
na mesma
alegria e partilha
naqueles
nossos encontros antigos!
Ouve-me com
atenção, amigo...
…Ah…desculpa,
agora creio, já não seres amigo,
Chamar-te-ei de
ex-amigo,
Não!
Vou chamar-te
com alguma tristeza, admito:
Um Fraco!
Sim…és um
fraco, de carácter volátil
Por que não me
quiseste ouvir
e preferiste escutar
as vozes da hipocrisia!
Tenho pena de
ti, lastimo, ex-amigo,
que tenhas
sido levado na corrente da tua fraqueza
e te tenhas afundado
nas águas falsas dos sorrisos
e ignorasses
nossos abraços, que pareciam ter a certeza
de que a nossa
amizade podia ter a força da eternidade
pelo prazer
dos “fins de tarde”, se optasses pela verdade.
José Carlos
Moutinho
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