Estás sempre presente em mim, mãe...
Os teus olhos eram lagos cintilantes
Onde eu mergulhava a minha inocência...
Foram também, luz do meu caminho,
As tuas mãos tinham a ternura da minha segurança
Dos teus braços eu fazia leito da minha acalmia
A tua voz melodiosa e doce fazia sentir-me sempre criança...
Tenho saudades de ti, mãe.
Bem sei que lá do alto, uma estrela maior continua a brilhar,
Não a distingo dos milhares que lá no céu cintilam,
Mas sinto-a, mãe, sinto-a no ardor dos meus desatinos
Dessa luz de ti, recebo a força para continuar a navegar
Ainda que enfrente marés de inquietude,
Sei que tenho em ti, o meu porto de abrigo...
Tenho saudades de ti, mãe.
Não te dei o carinho que merecias
Pois de ti recebi tanto amor, tanta compreensão
O teu coração era feito de bondade e amor, mãe...
Eras benevolente e tolerante, mesmo nos instantes em que a revolta
podia ter mais força...
Estende-me os teus braços mãe,
E deixa-me neles repousar
Quero adormecer com o murmurar da tua voz,
Estou cansado...
Cansado desta estrada sem rumo,
Deste deserto de mim
E da bruma perdida na miragem do meu tempo...
Estou cansado, mãe,
Cansado deste tempo que me domina
Embora o tempo seja nada, que o próprio tempo ignora...
Tenho saudades e estou cansado, mãe.
José Carlos Moutinho
20/10/15
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