Um dia chamaste-me
era eu tão pequeno, adolescente,saído de criança havia pouco tempo,
começaste a insinuar-te para comigo
eras airosa, sorridente
e fazia-me tão bem o carinho
das tuas palavras!
Comecei timidamente a escrever-te
como se eu fosse poeta,
não era e certamente nunca o serei
mas tinha prazer em inventar-me tal,
então dedicava-te palavras de amor
algumas vezes,
outras, de sonhos improváveis
e até cheguei a falar-te da guerra
que nos cercava, lembras-te obviamente!
De repente…
cresci, a vida tomou outro rumo,
deixamos de conviver intimamente,
foste para algum lado, talvez não muito longe
mas eu fui pra outro bem distante,
perdemo-nos no tempo,
mas um dia…
há sempre um dia, voltámos a encontrar-nos,
e aí, quando nos abraçámos
senti que nunca nos tínhamos afastado
por isso, permite-me que te pergunte:
Poesia que queres tu?
Eu sei que te quero
e, se me deixares amar-te-ei eternamente,
pois, sinceramente, pertencemo-nos
e, ousadamente, continuo a pensar
que um dia serei poeta!
José Carlos Moutinho
In "Sonho ou Ilusão"
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