Deslizam pelas vertentes, as
minhas palavras escusadas
Pela vontade retraída, no
desejo silencioso
De abrir o meu peito cansado,
pelas ausências
Das tardes ensolaradas,
deste meu tempo sombrio!
Na calada das noites
exaustas,
Libertam-se as vozes da
coragem,
Apoiadas pelo breu solidário,
As mágoas agrilhoadas,
soltam-se no meu suspiro!
Aliviado pela ousadia da
minha repentina liberdade,
Grito aos ventos que me
sussurram emoções,
Que jamais se calarão as
palavras
Na minha garganta contraída
pela incerteza!
No verde vale das sensações,
Onde me vejo caminhar entre
coloridas flores,
De coração esfuziante e alma
livre de amarras,
Sorriem-me as aves
rodopiando em torno de mim,
Entoando melodias de ovação,
Abraça-me a brisa que docemente
me acompanha!
Talvez seja sonho, miragem,
ilusão,
Ou tudo não passa de doce
loucura!
Não sei...nem me interessa,
Sinto-me bem assim.
José Carlos Moutinho