sábado, 6 de junho de 2020

Eram vermelhos

Eram esguios aqueles caminhos
por onde a minha juventude passou,
eram vermelhos sem pergaminhos
de um tempo que muito me ensinou,

perfumados quando a chuva os molhava
nas tardes quentes e densas de verão,
o calor sufocava, porque a noite tardava
a copa da mulembeira era a salvação,

daquela terra, aiué, sinto saudade tanta,, 
lá eu não nasci, mas cresci e feliz vivi,
há em mim um sentimento que canta
o poema de exaltação pelo que lá aprendi

José Carlos Moutinho
6/6/2020

sexta-feira, 5 de junho de 2020

Este rio

As cidades cantam o rio
que as atravessa,
rio que afogava nas suas entranhas
as dores de alguns
e transformava o suor em pão de tantos

Sobre o seu corpo
deslizavam dolorosamente os rabelos
carregando o néctar da vida,
num serpentear cansado
por entre vales e montanhas,
vindos de tão longe…
O seu caudal beija os pés das arribas
que sustentam em delicado equilíbrio
a vinha rendilhada!

Este rio de tantas canções
é hoje um senhor,
veste, vaidosamente, roupa lúdica,
deixa-se navegar por barcos de luxo,
sorri orgulhoso aos turistas
e amigavelmente
permite que os velhos rabelos
desfilem garbosos,
esquecendo mágoas
e tormentas de outros tempos

José Carlos Moutinho

ao abrigo do Decreto-lei nº 63/85
dos direitos de autor

DIAS QUE SORRIEM

quinta-feira, 4 de junho de 2020

CALEMAS - poesia

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Mais calma

Será que a anormalidade do tempo
transformará as pessoas em anormais,
ou o tempo com tanto desalento
transforma alguma gente em irracionais?

Talvez nem o tempo seja anormal
já que é algo que não possui alma,
os que a possuem não mostram sinal
para, na pandemia, terem mais calma

José Carlos Moutinho
4/6/2020

domingo, 31 de maio de 2020

SEREI LOUCO?

Num voo

...
levo-me num voo sem horizonte
colhendo sorrisos da montanha
talvez encontre alguma fonte
que me ofereça felicidade tamanha

José Carlos Moutinho

Uma flor

...
Recebesse eu o perfume do vento
nas asas do amor
pediria um só momento
para lhe oferecer uma flor

José Carlos Moutinho

sábado, 30 de maio de 2020

Sou inquietude


Sou um inquieto rio de águas cristalinas
e de corrente impetuosa,
sou a força do vento
que voa nas asas da esperança,
sou o sorriso do sonho
que veste seda dos meus anseios,
sou o abraço
da sinceridade do tempo fugidio, 

sou rio, sou mar,
sou sonho, sou vento...
sou o abraço
que sustenta ilusões do meu eu 

30/5/2020

Emoções

Ainda que o vento sopre desalento
há em mim uma brisa que sossega,
vivo serenamente este meu tempo
feliz pelo que minha história alberga

Visto-me de tecido da simplicidade
honra-me com orgulho meu percurso,
minha vida é alicerçada na verdade
sem necessitar de qualquer recurso

José Carlos Moutinho
30/5/2020

sexta-feira, 29 de maio de 2020

Se não for eu, quem o fará?

Se não for eu, quem o fará? Ninguém, obviamente, portanto...

Estes foram os meus últimos livros publicados,
 duas ousadas caminhadas pela prosa, em forma de romance.
Dirão alguns que sou um "chato" por estar sempre a divulgar as minhas obras.
Para esses, respondo com simpatia: 
se não for eu a fazê-lo quem o fará, se sou um "desilustre" desconhecido 
e até os famosos também o fazem?

domingo, 24 de maio de 2020

DESNUDO-ME

#Abraço o meu tempo

Quero acariciar com mãos macias
o meu tempo
que se esvai rapidamente,
esquecendo-se, quiçá, que ainda estou aqui,
peço-lhe em murmúrio que fique um pouco mais,
uns meses,
não...será melhor uns bons anos...
o tempo suficiente para que eu tenha tempo
para, num abraço de gratidão, 
dizer ao tempo 
da minha satisfação e alegria 
pela generosidade do tempo 
me deixou crescer
e me permitiu que agora, 
com as minhas mãos agradecidas o acaricie!

Será sonho, quimera desejada
ou utopia improvável,
mas acredito que este meu tempo, 
o de agora,
este que me envolve no meu presente,
estará a ouvir-me
e talvez, sei lá, por compaixão,
demore mais tempo a partir de mim,
até já lhe disse
que gosto de estar com ele
nesta comunhão de profunda amizade!

Abraço-te, tempo meu.

José Carlos Moutinho
24/5/2020

sábado, 23 de maio de 2020

NOITES CALADAS

Como se fosse poema

Que sei eu do tempo 
se o vento nada me diz 
porque hei-de saber do futuro 
se a alvorada me protege de ardis

Que sei eu do tanto saber 
se felicidade é mais importante 
basta-me o pouco do tanto que sei 
para seguir meu caminho doravante

José Carlos Moutinho 
23/5/2020

quinta-feira, 21 de maio de 2020

Em tempo de ilusões


Nos braços das ilusões 
aconchegam-se utopias 
às vezes voam emoções 
mas não sempre, tem dias

Todavia viver sem as ditas 
pode ser grande a tristeza 
há que expulsar as desditas
pois a vida é feita de beleza

Caminhando pelos anseios 
de espírito aberto ao vento 
alegria viver-se sem receios 
esquecer que corre o tempo

José Carlos Moutinho 
21/5/2020

segunda-feira, 18 de maio de 2020

Palavras que rimam

Quero viajar pelo tempo
que ainda não viajei
para viver cada momento
como se me sentisse rei

Porque tudo é mera ilusão
deixo o tempo viajar em mim
aceito cada dia com emoção
como se admirasse um jardim

Palavras vadias com rima
sem a precisão da métrica
é como olhar para a prima
e sentir toda a sua estética

José Carlos Moutinho
18/5/2020

sexta-feira, 15 de maio de 2020

Fechei os olhos

...
Fechei os olhos
permiti-me ver-me dentro de mim,
encontrei a serenidade cristalina
das águas do mais belo lago
onde me navego, 
esperançoso, 
por uma longa viagem
na harmonia tranquila da vida

José Carlos Moutinho
15/5/2020

quinta-feira, 14 de maio de 2020

Ai, o melro

Hoje o melro cantou para mim 
certamente que se enganou, 
mas gostei de ou ouvir assim 
não sendo eu, para quem cantou

Havia naquele cantar, muito amor 
que o negro melro soltava pró ar 
talvez fosse para alguma Leonor, 
a quem ele quisesse encantar 

Francamente, nem me interessa 
com prazer continuei a escutar 
a cantoria do melro sem pressa, 
não sabia que melro sabe amar

José Carlos Moutinho 
14/5/2020

SUSPIROS LEVA OS O VENTO

terça-feira, 12 de maio de 2020

ESCUTA O VENTO

Escuta o vento


Tu que por aqui passas, 
escuta... 
não...não é a mim, 
falo do vento, 
escuta o seu murmúrio 
como se te quisesse falar 
talvez tenha algo para te contar, 
escuta, simplesmente, 
fecha os olhos, 
sente o afago da sua passagem 
no teu rosto… 

depois...lentamente, abre os olhos 
olha em teu redor, 
e diz-me se não te sentes importante 
só porque conseguiste escutar a voz do vento 
e sentir a sua carícia invisível?

Diz-me, sinceramente 
e se confirmas... 
então, pensa que a vida tem tanto de bom 
mas que quantas vezes ignoras...

e são estas coisas simples da natureza 
que nos dão a felicidade de viver 
e nos fazem sentir mais humanos!

José Carlos Moutinho 
12/5/2020

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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