Sou o tempo que por mim passou
nos dias que me sorriram,
e nas tardes que me criticaram,
pelos meus caminhos de antanho
que se estenderam aos actuais,
fui e sou tropeços inesperados
e cansaços sofridos,
beijos dados em noites de luar,
paixões levadas nas asas do vento,
amores sentidos
e amores escusados,
sou o barro que o tempo moldou
na essência da minha existência,
sou o sonho que o tempo não controla,
porque sou rebeldia
na contrariedade
e fraternidade nas atitudes!
Talvez se o tempo não fosse tão célere
algo de mim fosse diferente,
mas a minha frágil condição humana
esculpiu-me à sua imagem.
José Carlos Moutinho
8/6/2020