Agarro este silêncio invisível que me cerca
Como fantasma dos meus pensamentos em ti;
Abro os braços na busca do teu afecto em mim,
Encontro o nada, neste espaço vazio,
Mas cheio de silêncio, que me sufoca,
Somente aliviado pelo perfume que me inebria,
Das magnólias de que tanto gostavas
E que eu te oferecia nos momentos especiais
Do nosso enlevo e paixão,
De tantos momentos vividos;
Agora, na minha quietude
Resta-me escutar o chilrear desafinado dos pardais
Nos telhados da minha solidão,
Numa agonia que me entorpece o sentir!
Lá longe, tocam os sinos
Num repicar arrepiante,
Qual prenúncio da partida de alguém,
Que me faz lembrar que existe o Além;
Mas aqui, a vida tem a paz e a beleza
Do tamanho do meu sentir
E as cores e os cheiros do meu viver.
José Carlos Moutinho