sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Antes que...




Levo-me na luz das estrelas,
Que iluminam o meu caminho;
Atravesso rios transparentes,
Antes que as aluviões os escureçam;
Abrigo-me sob árvores de copas verdes,
Porque a destruição é uma paranóia;
Deslumbro-me na miragem,
Espelhada neste mar azul feiticeiro,
Antes que petroleiros da ganância a apaguem,
Sufocando as suas ricas e profundas águas;
Absorverei o encanto dos vales multicolores,
Quiçá, a devastação esteja iminente;
Docemente voarão os meus olhos,
Sobre estas montanhas de fascinante beleza,
Antes que se esfumem…
Pelas mãos de mentes desatinadas,
Que lhe ateiam o fogo da irracionalidade;
Abraçarei os meus amigos,
Porventura, a amizade um dia se esgote;
Ah…este nosso mundo louco!
Na natureza nada se cria, nada se perde,
Tudo se transforma…
Em destruição!
Pobre Lavoisier, como estava errado
Até o amor está modificado
Com prazo de validade encurtado.

José Carlos Moutinho

sábado, 20 de agosto de 2011

Nada ter e nada ser




Caem folhas secas,
De momentos perdidos
Pelo tempo esquecidos;
Amontoado de esperanças idas,
Em temporal de desalentos,
No vendaval da vida entontecida,
Pelas vicissitudes e agruras do nada!
Sob esta árvore ressequida,
Onde se esconde a fragilidade
Do viver, abandonado,
Alienado por todos,
Corre uma aragem de frio desencanto,
Pelos descompassos de um sentir vazio,
Arrítmico, desvairado, abafado,
Na indiferença de uma vida amorfa,
Como campos de flores sem pétalas,
Aves sem voz,
Luares em penumbra,
Sóis empalidecidos pelas nuvens
Que os ventos arrastam,
Embrutecidas pela vileza de outrem,
Sentidos sem sentidos
Do nada ter e nada ser.

José Carlos Moutinho

Bonança de um novo advir




O silêncio adormecido da tua ausência,
Torna o ontem distante e o amanhã longe
E o agora, provoca um grito amorfo no meu peito,
Estrangulado pela dor do meu querer,
Deixa-me a alma entorpecida pela saudade
De um tempo em que as cores tinham mais beleza;
Em que um simples suspiro,
Era néctar que me inebriava de prazer;
E um abraço tinha o calor do sol!
Mas o agora, não é mais que dura realidade,
Dos sentimentos perdidos em noite de tempestade,
Levados no vendaval das desilusões;
A tormenta absorveu todo o sentir,
De um amor que avassalava as vontades,
Que se desfaleciam no prazer da paixão!
Por isso este grito sufocado no meu peito
Espera libertar-se dos grilhões a que se submeteu,
Quando este amor,
Não for mais que simples recordação
Vivida num mar tenebroso
E a calmaria surja na bonança de um novo advir.

José Carlos Moutinho

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Foste nuvem que passou




Olho-te e não te vejo,
És imagem maculada pela ausência;
Partiste em canoa de cristal,
Com velas de papel amolecido,
Sopradas pelo vento do desencanto
Numa tarde sombria,
De sol apagado pela desilusão!
E foste, sem vontade,
Levou-te a tua teimosia;
Quando desapareceste no horizonte,
De um mar sem bonança,
Surgiu a penumbra, envergonhada
A esconder a tristeza da minha alma,
Ou seria para eu não te ver na oscilação,
Da canoa que navegava insegura,
Nas ondas do teu amor fracassado!
Foste átomo de um Universo sem sentido,
Foste a nuvem que passou
E que deixou sombra no coração,
De quem te amou.

José Carlos Moutinho

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Vivendo a vida




O sol retalha-se nas encostas da serra,
Criando imagens impressionistas,
Enroladas nas folhas das árvores,
Quais sonhos inimagináveis!
Levo-me em visões transcendentais,
No deslumbramento da cor,
Sentidas na brisa que me beija!
Na caminhada por atalhos dos sentidos,
Sou seiva que se esgueira
Por estrelas da vida, ao encontro da luz!
O ar que respiro, suave essência do meu viver,
Na caminhada por oásis da minha paixão;
Sou folha que se agita no tempo,
Do infinito do pensamento!
As pedras em que tropeço,
Provas eternas intemporais,
Da insignificância das vaidades,
Lembrando-me a celeridade,
Do nosso tempo, passageiro como vento!
Olho-me em volta e vejo-me livre,
Como águia sobrevoando este mundo belo,
Na solidão de uma serra de belas nuances,
Enriquecida pelas melodias das aves;
Flores de néctares perfumados,
Mistura de sons que o próprio silencio entoa!
É o encantamento da serenidade
Que o meu peito canta feliz.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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