terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Cosmos insatisfeito



Flutuam poeiras no céu azul,
Escondem partículas de sonhos,
Que vagueiam no espaço vazio,
Fugindo das desilusões!
O sol atinge o seu clímax,
Irradia calor que afaga esperanças;
Cintilam raios como flechas de cupido,
Solta-se o amor em cristais;
No horizonte o céu prolonga o mar
Que desperta do seu sono fugaz
E se agita em ondas suaves de carícias
Que beijam as areias douradas,
E delicadamente desfazem-se em espuma
De alegria e prazer da vida!
Cheira a fantasias vindas do nada,
Em pétalas de flores imaginadas,
De mágicas fragrâncias,
Abraçadas a alvoradas por inventar!
O Cosmos corre veloz pela Via Láctea,
Ignora as estrelas que lhe sorriem,
Procura outras galáxias,
Insatisfeito, quer o inexistente
E esquece, displicente,
A beleza nele contida
E as maravilhas em seu redor.

José Carlos Moutinho

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Voar até ao Infinito



Cambaleio nas areias do deserto de mim,
Em inconsequente estado de loucura,
Nestes dias tristes de cinza,
Sob nuvens tatuadas de tempestades,
Que se esbatem,
Na calmaria do oásis de bonanças,
Nas ilusões de verdes esperanças,

No querer do meu sentir,
Que me navega no âmago
E na emoção do meu ser,
Pensa-me em doce sonho,
De que este sol escaldante,
Derreta a frieza das noites sofridas,
Pelo abraço azulado dos luares,
De estrelas cintilantes e guias
Dos caminhos de inflorescentes plátanos,
Onde repousam aves,
De encantadas cores e de chilreios
De incontida alegria,
No despertar da aurora de cada dia,
Fazendo deste espaço cósmico,
Um mundo diferente,
Nos arco-íris do deslumbramento

Tal Zeus, no dorso da águia-real,
Aconchegado nas suas asas,
Sobrevoo vales e montanhas,
Invento mares insondáveis,
Deixo-me voar...
Voar até ao Infinito.


José Carlos Moutinho

domingo, 1 de janeiro de 2012

Devaneando



Sento-me em nenúfares de belas cores,
Mariposas esvoaçam à minha volta,
Sinto nelas a tua presença,
Que me envolve no afago dos teus braços!
As asas que batem em sintonia melódica,
És tu no teu sussurrar de palavras doces,
Nos meus ouvidos em deleite!
As águas verde-azuladas que me sustentam,
É o teu corpo onde eu flutuo,
Que no agitar silencioso, pela brisa suave,
Faz-me deslizar pela ondulação em ti,
Fazendo-te o meu porto de abrigo,
Na imaginação que voa sobranceira,
Às nossas mentes em êxtase!
O nosso abraço é a união de elos
Indestrutíveis, nesta corrente de paixão,
Que nos amarra a um sentir,
De prazer desmedido e nos arrasta
Para uma execução coreográfica
Côncava/convexa,
De movimentos ritmados,
Num arfar de respiração sufocada,
Na líbido que nos transpira
E nos poros que se incendeiam,
No auge do clímax.

José Carlos Moutinho
1/1/12

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Vai 2011, que venha 2012



Corre, 2011, porque já vais tarde,
Dizem muitos, para quem foste impiedoso,
Para mim, amigo, passaste, sem alarde
E fizeste-me mais esperançoso.

Fico com saudade, não quero que vás,
Mas é esta a lei do tempo,
Por mim, ficarias comigo e em paz,
Em tua vida, só me deste alento.

O que para uns é negativo e triste.
Para outros é alegria e satisfação.
É assim este ciclo do tempo que persiste.
Que nos anima a alma e sorri ao coração.

Amigo 2011, de ti fico com saudades.
Fizeste de mim poeta e escritor.
Bem sei que não devo ficar com vaidades.
Pois nem eu me considero merecedor.

Como não foste muito bom para tantos.
Pois perderam empregos, carro e lar.
Sou solidário com os que estão em prantos.
Que o 2012 venha forte, para nos ajudar.

José Carlos Moutinho
30/12/11


quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Paixão apagada




Sinto frio na minha alma,
O calor do sol esmorece em mim,
O meu corpo adormece-se no seu sentir!
As tuas mãos que me acariciam estão frias,
Gelo de ausência em ti,
O teu corpo fundido no meu
Congelou as nossas emoções;
O vibrar antes estremecido em nós,
Desfaleceu os nossos sentimentos,
O teu perfume perdeu a fragrância
Que me extasiava,
Os teus beijos, antes fogo, são mortiços,
Deixaste a chama se extinguir;
Aquele brilho dos teus olhos,
Que me deslumbrava
E encadeava os meus sentidos,
Apagou-se na escuridão do teu querer;
Os teus cabelos negros selvagens,
Envolviam-me na ânsia de te abraçar,
Perturbam-me agora no seu agitar;
Porque não estás em mim,
Nem eu estou em ti,
Estamos ausentes, em nós...
Distantes na paixão apagada.

José Carlos Moutinho

Contrastes




Chão duro, frio e vermelho
Como sangue, mesclado de suores cansados,
Do dia-a-dia de agruras vividas;
De sois escurecidos por nuvens negras
De mínguas!
E a cada passo, esbarram na baça
Realidade trôpega em que vivem;
Foge-lhes o chão dos seus pés descalços,
Na tremura da fome que os sufoca;
Deambulam perdidos, em desorientação mental;
Os olhos desorbitados,
Pelo contraste com as faces esquálidas;
São figuras fantasmagóricas,
Perderam a sua humanidade!
Têm como companheiros, insetos
Que os acossam e lhes infligem maior sofrimento;
São almas penadas, neste mundo desvairado
De simbiótico contraste,
Entre a abundância e a carência,
Entre o rosto que sorri
E o sorriso sem rosto.

José Carlos Moutinho

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Humanidade desconhecida




Caem lágrimas caladas de olhos sofridos,
Em chuva de mágoas afogadas,
Por esse mar de amores vividos!

No crepúsculo que adormece a noite,
Surge a esperança na aurora,
Que desperta no novo dia!

Amarguras esquecidas,
No tempo que se esvai nas horas
E as memórias se alegram, em novas
Viagens pelas emoções,
Gritadas por corações alentados,
Nas almas carentes de afago!

Mutações difíceis, algumas,
Suaves outras, neste cosmos desvairado,
Onde convivem naturalmente,
Amor e ódio,
Alegria e tristeza,
Solidariedade e desprezo!

Quando as emoções exacerbadas
Se tornam polos opostos,
Tudo pode acontecer,
Nesta humanidade desconhecida.

José Carlos Moutinho

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Adeus Outono, Sê bem-vindo Inverno!

O chão atapetado e colorido Obtido da paleta matizada, Das tuas folhas caducas, Desmaia-se no frio, que vai surgindo Soprado pelos ventos do norte, No solstício de Inverno; Deixaste as árvores nuas, de braços vazios, Perdeste a beleza que emoldurava, As alamedas da vida; Transformaste-te em outra estação, Neste curso do tempo imparável! Outono, de nostálgicos encantos, Partiste num dia ensolarado, Numa despedida derradeira, Mantendo a tua dignidade, Numa temperatura acolhedora; Cumpriste a tua missão, Cedeste o lugar a outro tempo, Neste tempo que nos devora! Até breve, Outono Esperamos encontrar-te por aí, Pelos caminhos da saudade, Não te esqueças de nos trazeres A tua simpática nostalgia E tenta chegar harmonioso, Como foste este ano! Que sejas bem-vindo Inverno, Faz por seres benévolo, Que a tua passagem por nós, seja suave Como a delicadeza da tua alva neve, Que cristalina, nos embeleza os dias, Não sejas violento. José Carlos Moutinho

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Mundo desigual

Invento-me nestes dias de frio, Tento ter a alma descomprometida, Mas a realidade é um desafio, O que eu sinto é uma agonia. Gente perdida, sem teto, nem rumo, Deambulam por escarpas de pobreza, Buscam com esperança o aprumo E só encontram a vil avareza. Mundo este tão cruel e desigual, Mão que se estende pedindo pão, É olhada com desdém, como animal. O sol nasce, apagado para quantos? Uns com conforto, outros, solidão, Muitos com alegria, dor para tantos! José Carlos Moutinho

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Renasce a esperança

Os ventos desfalecem nos caminhos da desconfiança, Onde se fazem presentes, Sorrisos de perturbante falsidade; Palavras belas e fascinantes por detrás da inveja, Amizades inventadas que nos tocam a alma, Mas bem rapidamente se desnudam E nos infligem, bem lá no fundo do nosso sentir, Profunda dor pela mentira! Porém a cada dia, a alvorada cintila, E renasce a esperança, Das boas intenções da humanidade, Porque o querer das vontades, Consegue sobrepor-se às perturbadas mentes, Da maldade e da ignomínia! A terra gira sem parar E a cada rotação, o sol acalenta corações frios E o luar ilumina a alma do desatino; As aves chilreiam melodias de advires Pelo altruísmo, raro, mas sentido, No carinho do abraço aos desafortunados, Deste mundo louco de contradições, Em simbiose de amores e desencantos. E as nuvens brancas aconchegam-nos, Na sua majestosa alvura, Iluminadas pelo brilho das estrelas De prenúncio de um novo sentir E nessa doce ilusão... “Renasce a esperança”. José Carlos Moutinho

sábado, 17 de dezembro de 2011

Eras tu

No silêncio das horas que voam, Dispo-me das tristezas, Entro nas minhas memórias E sinto as tuas carícias, Em noites enluaradas do nosso querer! Sorrio-me no prazer dos teus beijos sentidos, Naqueles momentos de doce ilusão; Abraçados numa entrega de deslumbrante prazer, Acompanhados pela luz estelar, Que nos iluminava a alma, Despertada da sua acalmia E nos fazia delirantemente vibrar! O calor irradiado das tuas palavras, Que aos meus ouvidos Os teus lábios murmuravam! O tempo esquecia-se na nossa indiferença, Pelo nosso tempo assumido em nós; Os teus braços envolviam-me Em elos de emoções; Mergulhava em teus olhos E perdia-me no fascínio do azul celeste; Tu eras a sensação do paraíso E a louca perdição do meu viver; Tu... Eras tu, a minha amada amante. José Carlos Moutinho

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Sensações




Permito levar-me por esses verdes campos
Ornamentados pelo matizado de belas flores silvestres,
Oscilantes na caricia do beijo da brisa, que as afaga
E se aconchega aos pés das árvores altaneiras,
Guardiãs de tanto e efusivo colorido!
O Sol completa a beleza desta tela,
Iluminando a paleta das cores que a natureza inventou!
Lá longe, avisto os cumes de duas montanhas,
Lembram-me os seios de uma mulher em lasciva pose;

Este silêncio que me envolve,
Transforma-me...Deixo de pensar!

Aquieto-me no murmurar melódico das aves,
No desafio de melhor sinfonia;
As flores libertam as suas fragrâncias,
Que me invadem no sentir da minha alma;
Os ramos das árvores agitam-se num bailar
De fascinante encanto!
Sinto-me na ilusão de doce quimera,
Semicerro os olhos...
Quero guardar esta visão singular para sempre.

José Carlos Moutinho

Entrevista com Planeta Azul, editora de Calemas

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